Estupro e aborto na visão Espírita
Atualizado em 05/02/03
Por Dr. Ricardo Di Bernardi
Médico e espírita
Em diversas
oportunidades, quando fizemos palestra sobre reencarnação e aborto, fomos
questionados posteriormente sobre a dolorosa e delicada circunstância do
estupro. Principalmente, ao se propiciar perguntas nos serem dirigidas por
escrito viabilizava-se este questionamento.
Embora o tema seja potencialmente polêmico e desagradável, não há como
ignorá-lo no contexto de nossa situação planetária.
A grande discussão que se levanta é a legitimidade, ou não, do aborto,
quando a gravidez é conseqüente a um ato de violência física. Mais uma
vez, nos posicionamos em relação ao aspecto legal da questão nos abstendo
de maiores comentários no campo jurídico pois leis e constituições os
povos já tiveram inúmeras e tantas outras terão. Nossa abordagem será pelo
ângulo transcendental e reencarnacionista considerando que são três (3) espíritos,
no mínimo, envolvidos na tragédia em questão.
Igualmente, quanto ao aspecto da ética médica, a qual estamos submetidos por
força da profissão que nesta reencarnação exercemos, lembramos ser esta ética
diferente em cada país do planeta. Numa escala de zero a 10, teremos todas as
notas, conforme a nação e o continente que nos reportarmos.
Inicialmente, cumpre-nos esclarecer que o livre arbítrio é o maior
patrimônio que nós, espíritos humanos, temos alcançado ao atingirmos a
faixa evolutiva pensante. Livre arbítrio que não legitima atitudes, mas
oportuniza às criaturas decidir e se responsabilizar pelas conseqüências de
seus atos posteriores.
Outra premissa que
deveremos estabelecer é aquela da maior ou menor repercussão dos atos
perante a Lei Universal, em função do nível de esclarecimento que possuímos.
Importante também salientar que não há atos perversos que tenham sido
planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual
sem limites, a idéia de que alguém deve reencarnar a fim de ser
estuprado.
A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário
dos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de
amor.
É a Lei maior que a tudo preside, uma lei de amor que coordena as leis da
natureza.
Como conceber a violência física? como enquadrar a onipresença divina em
situações e sofrimentos que observamos? Deus estaria ausente nestas circunstâncias?
Ou estaria presente? Para muitos indivíduos se estivesse presente já seria
motivo para não crer na sua existência ou na sua infinita bondade e onisciência.
Outra questão importante: Quem é a "vítima"? Cada um de nós ao
reencarnar trouxe todo o seu passado impresso indelevelmente em si mesmo, são
os núcleos energéticos que trazemos em nosso
inconsciente construídos no passado.
Espíritos que somos e pelas inúmeras viagens que percorremos,
representadas pelas inúmeras vidas, possuímos no nosso
"passaporte" inúmeros "carimbos" das pousadas onde
estagiamos em vidas anteriores. Hoje, a somatória destas experiências se
traduzem em manancial energético que irradia constantemente do nosso interior
para a superfície desta vida.
Assim, é também a "vítima. A jovem que hoje se apresenta de forma
diferente, traz em seu passado profunda marcas de atitudes prejudiciais a irmãos
seus. Atitudes de desequilíbrio que são gravadas em si mesma.
Algumas delas participaram intelectualmente de verdadeiras emboscadas visando
atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual de criaturas; outras foram
executoras diretas, pela autoridade que eram investidas, de crimes nesta área.
enfim, são múltiplas as situações geradoras da desarmonia energética que
agora pulsa constantemente nos arquivos vibratórios da nossa personagem neste
drama.
Pela Lei Universal, a sintonia de vibrações, poderá ocorrer em um dado
momento dependendo da facilitação criada por atitudes mentais da
personagem apresentou como surpresa desagradável para a agredida.
Como orientar a vítima? Identificados dois dos protagonistas (mãe e
filho) falemos acerca da entidade reencarnante Em certas ocasiões, o ser que
mergulha na carne nesta dolorosa circunstância é alguém que vibra na mesma
faixa de desequilíbrio. Um espírito que pelo ódio se imantava
magneticamente à aura da jovem como que pedindo-lhe contas pelos sofrimentos
causados por ela, se vê preso às
malhas energéticas do organismo biológico que se forma. O processo
obsessivo que vinha se desenvolvendo já o fixara perifericamente à trama
perispiritual materna e agora passa a aderir definitivamente naquele organismo
feminino.
Apesar do momento cruel, a Lei maior pode aproveitar para retirar o
perseguidor desta situação adormecendo-o. Acordará, talvez, embalado pelos
braços de sua antiga algoz que aprenderá a perdoar e até amar em função
do sábio esquecimento do passado. Lembramos, novamente, não foi em hipótese
alguma programado o estupro, nem ele em qualquer circunstância teria
justificativa. No entanto o crime existindo, a espiritualidade sempre fará o
máximo para do "mal" poder resultar algum bem.
Mas, muitas vezes, a gestante pressionada pelos vínculos familiares opta por
interromper a gravidez indesejada.
Somos contrários a teatralidade daqueles que exibem recursos chocantes de
fragmentos ensangüentados de bebês em formação, jogados nos baldes frio da
indiferença humana . A falta de argumento e conhecimento espírita do
processo que se desencadeia, é que faz lançar mão destes métodos
agressivos de exposição.
A visão espiritual da situação dispensa estes recursos dos
quais podem se servir outras correntes religiosas que desconhecem a
preexistência da alma o mecanismo da reencarnação, etc.
(ver
abaixo nota do site)
O espírito submetido à violência do aborto sofre intensamente no
processo, conforme o seu grau de maturidade espiritual. Perante a Lei divina
sabemos que o espírito reencarnado não deve receber a agressão arbitrária
em face da violência cometida por outro. Violência que gera violência, um
ciclo triste que necessita ser rompido com um ato de amor a um entezinho que
muitas vezes aspira por uma oportunidade de evolução em nova vida.
O aborto provocado gera muitas vezes profundos traumas em todos os
envolvidos exacerbando a dolorosa situação cármica da constelação
familiar. Ninguém é mãe ou filho de outrem por casualidade. Há, sempre, um
mecanismo sábio da lei que visa corrigir ou atenuar sofrimentos.
Há, também, espíritos afins e benfeitores que, visando amparar a futura
mãe, optam pelo reencarne na situação surgida. A vítima do estupro,
poderá ter ao seu lado toda luz de alguém que poderá vir a ser o seu arrimo
e consolo na velhice. Irmãos cheios de ternura em seu coração, com projetos
de dedicação e amparo, aproveitam o momento criado pelo crime para auxiliar,
diretamente, na vida material, dando todo seu trabalho afetivo para aquela que
amam. Renascem como seu filho.
A eliminação da gravidez, através do aborto provocado, nestes casos, irá
anular este laborioso auxílio que o espírito protetor lamentará ter
perdido.
Pelo exposto, a interrupção da gestação mesmo decorrente de violência, é
sempre uma atitude arbitrária que só ampliará o sofrimento dos familiares.
Se a jovem for emocionalmente incapaz de atender os requisitos da
maternidade, a adoção, preferencialmente por pessoas de vínculos
próximos, deverá ser o remédio por nós indicado. Se não houver
possibilidades psiquicamente aceitáveis de recepção por parte de
familiares, encaminhe-se os trâmites da adoção para quem receberá aquela
criatura com o amor necessário ao seu processo redentor e educativo.
O tempo se encarregará de cicatrizar os ferimentos da alma.
Ricardo Di Bernardi ( SC )
E-mail do autor: rhdb@matrix.com.br
Nota: Nós do site partilhamos das mesmas idéias do autor, mas por tratar-se aqui de um lugar livre à informações para quem quer que seja, nos sentimos no dever de publicar tais imagens.