Cancro da mama
Relação entre aborto e cancro da mama
Estas
informações foram produzidas num esforço conjunto do Endeavour Forum, Inc.,
12 Denham Place, Toorak, Victoria 3142, Austrália; telefone: +613-9822-5218;
faxe: +613-9822-3069, Prof.ª Doutora Babette Francis, Coordenadora Nacional e
Internacional e também da Revista Abortion-Breast
Cancer Quarterly Update, P.O. Box 3127, Poughkeepsic, NY, 12603 EUA;
telefone & faxe: 914-463-3728.
e-mail:
jbrind@abortioncancer.com
, Prof. Doutor Joel Brind, Diretor e Editor.
(Traduzido por Joana Godinho, da Associação Mulheres em Ação, que teve a gentileza de me enviar esta colaboração)
Em
1970, a Organização Mundial de Saúde – World Health Organization (W.H.O.)
– publicou os resultados da sua investigação sobre a experiência
reprodutiva em relação à incidência do cancro da mama. O estudo, no qual
tomaram parte mais de 17 mil mulheres em sete lugares de quatro continentes,
obteve informações que são indiscutíveis ainda trinta anos depois.
As
mulheres que começam a ter filhos sendo ainda jovens têm menos probabilidade
de sofrer de cancro da mama que aquelas que têm filhos numa idade mais avançada,
ou que aquelas que não os têm.
Que
proteção adquirem contra o cancro? Baseando-se nos seus resultados, os
cientistas da W.H.O. concluíram:
“Estima-se
que as mulheres que têm o seu primeiro filho antes dos 18 anos têm só cerca
de um terço do risco de sofrer de cancro da mama que aquelas cuja primeira
gravidez aconteceu aos 35 anos ou depois.”1
Significa
isto que uma mulher jovem que fique grávida diminui o risco de ter cancro da
mama, mesmo que ela tenha um aborto? Em relação ao aborto, os cientistas da
W.H.O. afirmaram que os seus resultados:
“sugerem
um aumento de risco associado ao aborto – contrariamente à redução do
risco associado com as gravidezes levadas a termo, ao dar à luz.”1
Estudos
de investigação, publicados em respeitáveis publicações médicas,
confirmaram estas conclusões2 e
a sua causa hormonal:
Vinte
e cinco de trinta e um estudos epidemiológicos3-33 mundiais –
estudos em mulheres de ascendência Africana, Asiática e Européia – concluíram
que mesmo um único aborto aumenta o risco de adquirir mais tarde cancro da
mama.
Um
dado importante é que a este aumento do risco por causa do aborto se
acrescenta um risco maior, por se atrasar a primeira gravidez levada a termo,
portanto, o
aborto aumenta o risco de sofrer de cancro da mama de duas maneiras!
Já
se perguntou porque é que, em menos de meio século, enquanto que o aborto se
legalizou e se tornou numa prática comum, a incidência de cancro da mama no
mundo industrializado aumentou mais do
dobro?34,35
Tem
perguntas sobre o verdadeiro impacto que terá nas mulheres do seu país a
importação dos “direitos reprodutivos” dos países industrializados?
O
sistema de saúde pública do seu país está preparado para uma epidemia de
cancro da mama?
A
Ligação Estrogênio:
Porque é que os abortos induzidos fazem aumentar o risco de ter cancro da mama, o que não acontece na maioria dos abortos espontâneos?
O
estrogênio é a hormonal – o mensageiro químico – que, na puberdade,
converte o corpo de uma menina no corpo de uma mulher. Na verdade, há uma série
de esteróides, estrogênios, que podem estimular o desenvolvimento da mama e
de outros tecidos femininos. O estrogênio mais abundante e importante que os
ovários femininos segregam chama-se estradiol.
O estradiol é tão potente que a sua concentração no corpo de uma mulher se
mede em partes por triliões. O
estradiol - uma décima parte – também se produz no corpo do homem e tanto
homens como mulheres precisam de estradiol para o crescimento normal
e para a manutenção dos ossos.
Depois
da puberdade, os níveis de estrogênio sobem e baixam duas vezes em cada
ciclo menstrual. Sobre a influência da hormona
folículo-estimulante
da hipófise, novos folículos com óvulos crescem nos ovários durante a
primeira metade (chamada fase
folicular)
do ciclo menstrual. As células foliculares que segregam o estradiol e que
rodeiam os óvulos proliferam e por isso os ovários produzem quantidades cada
vez maiores de estradiol, alcançando o pico no dia anterior à ovulação.
Normalmente, este pico pré-ovulatório
é o nível mais elevado de estradiol no sangue que uma mulher não-grávida
experimenta. Serve de estímulo à hipófise, de modo a que esta segregue
outra hormona, a hormona luteinizante (LH) que despoleta a ovulação.
Depois
da ovulação, o folículo que expulsou o óvulo enche-se com um novo tipo de
células chamadas células lúteas.
Estas células lúteas proliferam sobre a influência da LH pituitária e, por
sua vez, fazem segregar quantidades ainda maiores tanto de estradiol como da
hormona progesterona
da gravidez, da qual o estradiol se forma.
Como
a secreção pituitária de LH baixa drasticamente depois da ovulação, o corpo
amarelo (como
se chama agora o folículo anterior) começa a diminuir uma semana depois da
ovulação, a não ser que se tenha dado a fertilização do óvulo (concepção).
Se ocorreu a concepção, o embrião começa a segregar outro mensageiro químico
quase imediatamente: a
gonadotrofina coriónica humana (HCG)*
que atua
como a LH para “salvar” o corpo amarelo.
Se não
houve concepção, o corpo amarelo morre. Como o estrogênio e a progesterona
são respectivamente necessários para o crescimento e a maturidade do endométrio
(o epitélio do útero na qual se implanta o embrião), este descama na
menstruação.
(* Embora o HCG
seja usualmente referido como uma hormona, na verdade, não é. Como é uma
mensagem química entre dois indivíduos de uma espécie (neste caso, mãe e
filho) é mais apropriadamente descrito como sendo uma feromona. Como
normalmente não é segregado pelo corpo feminino, o detectar específico da
sua presença é a base de todo o teste de gravidez.)
Se, pelo contrário,
houve concepção e se salvou o corpo amarelo, este começa a gerar concentrações
enormes de progesterona (necessárias para permitir a implantação do embrião
e a manutenção da gravidez) e de estradiol. Níveis de estradiol
significativamente elevados (comparados com os níveis em mulheres não-grávidas
na mesma fase do ciclo menstrual) podem ser detectados cedo, nos 5 dias
posteriores à concepção.36 Como se mostra na Figura
1,
pelas 7 a 8 semanas de gestação (depois do último período menstrual, o
UPM), o sangue de uma mulher grávida já contém seis vezes mais estradiol
(i.e., 500% mais) que no momento da concepção, mais do dobro que o nível
mais alto obtido durante o estado de não-gravidez (o pico pré-ovulatório).37
Em notável contraste, as gravidezes destinadas a abortar espontaneamente
(i.e., que acabam num desmancho) durante o primeiro semestre não geram,
normalmente, estradiol em quantidades que excedam os níveis do estado de não-gravidez37,38
(Figura 1). Já em 1976, uma equipa de obstetras suíços foi capaz de prever
abortos espontâneos com uma exatidão de 92% com só uma medida de estradiol!38
Teoricamente, isto faz sentido: a causa do aborto espontâneo é o nível
inadequado de progesterona da qual se forma o estradiol.
A relação
entre o estradiol ou os estrogéneos, em geral, com o risco do cancro
da mama, deve-se ao papel que têm no crescimento do tecido da mama. O
estradiol faz com que a mama cresça para um tamanho maduro durante a
puberdade e que cresça uma vez mais durante a gravidez (pelo menos durante os
dois primeiros trimestres). As células da mama que são sensíveis ao estímulo
do estradiol são as primitivas ou indiferenciadas.
Uma vez terminalmente
diferenciadas e
constituídas em células produtoras de leite, o que sucede sobre a influência
de outros fatores (ainda bastante desconhecidos), as células da mama deixam
de responder a estímulos de reprodução.
São
as células indiferenciadas que são também vulneráveis aos efeitos dos carcinogênicos
(como a radiação, os produtos químicos, etc.) as que podem produzir tumores
cancerígenos um dia mais tarde. Portanto, se uma mulher já passou por
algumas semanas de uma gravidez normal e logo aborta essa gravidez, retém
mais dessas células vulneráveis ao cancro do que as que tinha antes de ficar
grávida. Além disso, qualquer célula anormal, com a potencialidade de
formar o cancro, já existente no seu peito (e tais células estão presentes
em alguma medida em todas as pessoas) foi
estimulada a multiplicar-se. Tudo isto significa uma maior probabilidade estatística
do que o aparecimento eventual de um tumor cancerígeno.
Diferentemente,
uma gravidez levada a termo produz a plena diferenciação dos tecidos da mama
com o fim da produção de leite, o que deixa na mesma menos células vulneráveis
ao cancro das que lá estavam antes do começo da gravidez. Isto significa a
bem conhecida redução do risco de cancro da mama como conseqüência
de uma gravidez levada a termo.
Também é bem
sabido que as mulheres que começam a ter filhos ainda jovens, diminuem o
risco de ter cancro da mama mais tarde1. Quanto mais cedo o peito
se torne maduro com o fim de produzir leite, menos provável é a presença de
células anormais, vulneráveis ao cancro proveniente de abusos carcinogênicos
(e o que quer que estes sejam é ainda bastante desconhecido). Sustentando
esta teoria, um estudo experimental sobre o efeito de gravidezes e abortos
induzidos na incidência de cancro da mama em ratas jovens tratadas com carcinogênicos
químicos foi publicado em 198039. A mesma equipa de investigação
publicou também um estudo excelente sobre a diferenciação dos tecidos da
mama humana como função da gravidez e da idade40.
Além
disso, como há sempre células indiferenciadas (e inclusive algumas células
anormais) na mama das mulheres, o excesso de exposição aos efeitos
promotores do crescimento do estradiol ou outros estrogênios, contribui para
o risco de cancro da mama cada vez que ocorra essa exposição.
Não
é de surpreender, portanto, que os fatores de risco de cancro da mama mais
conhecidos envolvam alguma forma de excesso de exposição aos estrogênios.
Por exemplo, mulheres que atingem a puberdade muito cedo ou que entrem na
menopausa tardiamente, ou que tenham poucos
filhos ou nenhum, estão mais expostas aos aumentos de estradiol que
ocorrem com os ciclos menstruais. As mulheres que dão de mamar aos seus
filhos também experimentam menos
ciclos menstruais e por isso, reduzem o risco de ter cancro da mama.
Mesmo
os fatores de risco não relacionados com a reprodução parece que operam
através de mecanismos mediados pelo estrogênio. Por exemplo, a obesidade pós-menopáusica
eleva o risco, supostamente porque as células adiposas (gordas) sintetizam os
estrogênios, do aumento dos níveis de estrogênio no sangue dessas mulheres.
Até mesmo o consumo crônico de álcool parece aumentar o risco de cancro da
mama através do aumento dos níveis de estrogênios no sangue da mulher. Isto
também sucede em dietas altas em gorduras animais comparadas com dietas
vegetarianas. Pelo contrário, certos vegetais reconhecidos como protetores
contra o cancro, por exemplo, os da família dos brócolos e da couve, ajudam
o corpo feminino a eliminar estrogênios mais rapidamente.
Como
o efeito dos estrogéneos no risco do cancro da mama foi reconhecido desde há
muitos anos, os médicos são cautelosos ao receitar alguns medicamentos, como
a terapia para substituição de estrogênios na pós-‑menopausa de
mulheres mais velhas, especialmente naquelas com histórias médicas de cancro
da mama na família. Segundo parece, estes medicamentos elevam ligeiramente o
risco de cancro da mama, se se
utilizam por vários anos.
Deduz-se
por isso que os médicos deveriam ter-se preocupado desde há muito com o possível
aumento do risco de cancro da mama atribuível aos abortos induzidos, dado o nível
extremamente alto de estradiol que experimentam as mulheres, mesmo nas
primeiras semanas de uma gravidez normal.
Finalmente, há outro aspecto crucial dos abortos espontâneos em relação ao
risco de cancro da mama que deverá ser realçado, isto é, o efeito de
desmanchos espontâneos no segundo trimestre. O maior número de perdas de
gravidez ocorre no primeiro trimestre e mais de 90% destas caracterizam-se
pelos níveis anormalmente baixos38 de estradiol na mãe. Contudo, há motivos
para crer que as gravidezes que sobrevivem no primeiro trimestre (o que não
sucederia sem um nível suficientemente alto de progesteronas, que são
paralelas ao estradiol) provavelmente aumentam o risco de cancro da mama se
terminam em desmancho.
Figura 2
– Representação esquemática da mama: a) de
uma mulher que nunca esteve grávida e b)
no final de uma gravidez levada a termo. A mama de uma mulher que
nunca esteve grávida consiste em canais e lobos terminais primitivos,
vulneráveis a carcinogênicos,
enquanto as mamas lactantes consistem, na sua maior parte, de lobos
maduros – aglomerado de alvéolos que segregam leite – os quais são
resistentes aos carcinógeneos. (Adaptado
das referências #39 e 40) |
A Conferência Mundial sobre o Cancro da Mama reconhece a ligação entre o
aborto e o cancro da mama
A
primeira Conferência Mundial sobre o Cancro da Mama teve lugar em Julho de
1997 em Kingston, Ontário, Canadá. A conferência foi co-empreendida pela
Organização Feminina do Ambiente e Desenvolvimento (Women’s
Environment and Development Organization) que na altura era presidida por
Bella Abzug.
Na
conferência, o Dr. Joel Brind, Professor de Endocrinologia na Universidade de
Baruch, da Cidade Universitária de Nova Iorque e Director da Revista
Trimestral Actualizada sobre o Aborto e Cancro da mama (Abortion-Breast
Cancer Quarterly Update), dirigiu um seminário sobre a ligação entre o
aborto e o cancro da mama. O discurso do Dr. Brind incluía uma actualização
da “revisão compreensiva e meta-análise”
2 deste problema, publicado originariamente no Jornal
de Epidemiologia e Saúde Comunitária (Journal of Epidemiology and Community
Health) da Associação Médica
da Grã-Bretanha. Bella Abzug assistiu ao seminário do Dr. Brind e participou
numa discussão cordial e animada sobre a ligação entre o aborto e o cancro
da mama.
Um
ano depois, no Outono de 1998, a Conferência Mundial publicou o seu Relatório
do Plano de Ação Global (Global Action Plan Report)41, no
qual a organização expunha a sua agenda para a erradicação definitiva do
cancro da mama. Sob o título de fatores de risco relacionados com as
hormonas, o Relatório diz em parte
pertinente:
"Hoje
em dia, as mulheres em geral estão mais expostas a níveis altos de estrogênio
durante a sua vida que o que era costume nas gerações anteriores.
Acredita-se que agora as mulheres enfrentam níveis excessivos de estrogênio
tanto naturais como sintéticos, aumentando o risco de virem a ter cancro da
mama. O
uso prolongado de pílulas de controlo da natalidade, gravidezes tardias ou
falta delas e o não dar de mamar, ABORTOS INDUZIDOS, uma dieta alta em
gorduras, em carne ou em produtos lácteos e a terapia de substituição de
hormonas depois da menopausa, todos são citados como fatores de risco que
aumentam os estrogênios e o cancro da mama."
LEMBRE-SE: Os direitos reprodutivos não têm significado sem o direito da
mulher a saber todas as conseqüências das opções que faça!
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