Depressão Pós-Parto
atualizado em 17/11/2004
Depressão Pós-Parto -
Atualizações Importantes e Inéditas
Mães com partos recentes são
vulneráveis a amplo espectro de transtornos psiquiátricos.
A classificação atual (e ainda utilizada) parece defasada e com os dias
contados, segundo novos estudos científicos. Ou seja, “blues”, depressão
pós-parto e psicose puerperal devem dar lugar à nova e revolucionária
classificação que consta de quatro partes:
1) Psicoses, incluindo a orgânica (por pós-eclampsia e infecções), a
psicogênica (relacionada a estresse severo, como ciúme doentio do marido com o
nascimento do bebê) e a bipolar (a mais freqüente delas);
2) Transtornos do relacionamento mãe-bebê, que são freqüentes em 10% a 25% das
mulheres, e podem levar à rejeição da criança, a maus tratos e até a
infanticídios descritos. Aqui o foco afetivo é diferente daquele relacionado à
depressão propriamente dita. Isso ainda é ignorado ou subestimado na medicina.
3) Depressão - Conceito importante por questões legais, porém, do ponto de
vista médico, mais enfraquecido, já que a associação entre depressão e
puerpério é fraca. Não há diferença significativa de depressão no período do
pós-parto e em outros períodos de vida da mulher. Mulheres com depressão
pós-parto formam um grupo heterogêneo. Algumas têm, na realidade, ansiedade,
transtorno obsessivo e transtorno do estresse pós-traumático. Muitas já
tiveram outros episódios de depressão, em momentos anteriores de suas vidas;
4) Sintomas resultantes:
a) de fatores estressores durante o parto (transtorno do estresse
pós-traumático);
b) de transtornos de ansiedade específicos, mais freqüentes que a depressão,
porém pouco enfatizados e valorizados ainda. Por exemplo, 10% das mulheres têm
início de transtorno do pânico em tal período;
c) de obsessões de machucar a criança ou outras preocupações mórbidas.
Portanto, por conta da diversidade da doença mental no pós-parto, dos riscos
ao recém-nascido e à própria mãe, intervenções mais eficazes, incluindo as
profiláticas, são necessárias, com classificações e diagnósticos psiquiátricos
mais adequados. Os dias dos atuais manuais diagnósticos e classificatórios em
saúde mental parecem contados. A futura versão do CID-10 (Classificação
Internacional de Doenças) e do DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico em
Saúde Mental, da Associação Psiquiátrica Americana), que serão respectivamente
o CID 11 e o DSM V devem sofrer uma revolução, no que tange aos transtornos
psíquicos do pós-parto, com mudanças significativas.
A relação entre mãe-filho deve ser preservada, até mesmo durante uma
internação eventual, com assistência de equipe multidisciplinar. A prevenção
parece ser a grande chave do tema.
Prof. Dr. Joel Rennó JR - MD, PhD
Coordenador Geral Do Pró-Mulher – Projeto De Atenção À Saúde Mental Da Mulher – Instituto De Psiquiatria Do Hospital Das Clínicas Da Faculdade De Medicina Da USP.