Reação em cadeia
Reação em cadeia
Na base da
bomba atômica está uma reação em cadeia que leva à libertação de
grandes quantidades de energia. A grande questão que se colocava aos
cientistas era saber como parar reação de forma a que o seu efeito fosse
local. Como é obvio, fazer uma bomba que vai matar longe pareceu aceitável;
agora, fazer uma bomba que entrava numa reação em cadeia, interminável, e
que acabava por matar os próprios americanos, já lhes pareceu completamente
inaceitável.
Portanto, os arquitetos da bomba tiveram de garantir uma bomba que matava
aquelas pessoas MAS só aquelas pessoas. A descoberta que permitiu controlar a
reação ficou a dever-se ao físico italiano Enrico Fermi. O resto da história
toda a gente conhece.
Naturalmente, os cientistas poderiam ter começado por discutir se uma bomba atômica
é aceitável. Mas agora isso não interessa. Deste episódio tristíssimo, o
que nos interessa reter agora é que os cientistas só deram a bomba por
pronta quando descobriram a forma de travar o processo.
Da mesma forma se pode questionar a legitimidade de entrar no útero da mãe e
trucidar a frio um ser humano que já lá está a crescer e desenvolver-se.
Isto pode-se questionar e é a isso que estas páginas estão dedicadas. Mas
por momentos vamos colocar-nos na posição dos defensores do aborto e dos
cientistas que fizeram a bomba. Vamos assumir que abortar e riscar uma cidade
do mapa são atos aceitáveis em certas circunstâncias.
Tal como no caso da bomba, para aceitar legalizar o aborto é preciso começar
por garantir que o processo vai matar aqueles seres humanos mas só aqueles.
Como é obvio, se dissessem ao pró-aborto ANTÓNIO que -sem margem para erro-
legalizar o aborto é o início de uma reação em cadeia que levará ao
assassínio legal do próprio ANTÓNIO, este rejeitaria o aborto do mesmo modo
que os cientistas rejeitaram a bomba descontrolada.
Assim, a si que tem idéias sobre a legalização do aborto, convidamo-lo a
ser um outro Fermi.
Tome algum tempo para refletir sobre os seus próprios argumentos: usando-os
repetidamente, poderíamos legalizar o aborto até quando? Tente provar que a
legalização do aborto não é o inicio de uma reação em cadeia,
completamente descontrolada, e que vai acabar por nos matar a todos... dentro
da maior legalidade.
Para que todas as pessoas percebam que isto não é um questão fútil,
seguem-se alguns exemplos.
1. Em 1984 a Zita Seabra liderou o processo de legalização do aborto. Este
foi legalizado em certos casos até às 12 semanas. Mais tarde, sem ninguém
dar conta e sem qualquer contestação social, o aborto foi legalizado até às
16 semanas (é o processo descontrolado!!). Em 1997 a Zita Seabra declarou-se
contra os projetos de lei mas, naturalmente, ninguém quis saber da sua opinião.
Sem a legalização de 84 não haveria os projetos de 97. Portanto, a Zita
Seabra iniciou uma reação em cadeia que a ultrapassou completamente e que
ela, embora tentasse, não conseguiu travar.
2. Nos perto de 60 países do mundo que neste momento têm aborto a pedido
(i.e., basta que a mãe peça o aborto para que lhe seja feito), a legalização
começou pelo aborto em caso de violação e deficiências graves. Ou seja,
aceitou-se o aborto nos chamados Hard Cases como primeiro passo para aborto em
All Cases. Mais uma vez tivemos um processo que não se conseguiu travar... a
menos que a idéia fosse mesmo essa...
3. Em 1973 os EUA legalizaram o aborto a pedido até aos nove meses. Depois
foram feitas mais e mais legalizações intermédias até que em 1986
legalizaram a morte de bebês recém-nascidos, a pedido dos pais, no caso de
terem alguma deficiência. Portanto, os Estados Unidos da América, a maior
potência científica, econômica e militar de todos os tempos, no apogeu do
seu poderio, legalizaram o infanticídio.
4. Em 1997 foi usada a seguinte argumentação em Portugal: "há certas
deficiências que só podem ser detectadas depois das 16 semanas. Se a lei não
permite abortar depois das 16 semanas é o fim do diagnóstico pré-natal em
Portugal porque não se pode dizer ao casal que o filho é deficiente mas que
já não o pode abortar".
Qualquer pessoa observa facilmente que este argumento pode ser usado até aos
nove meses e mesmo depois disso: "há deficiências que só podem ser
detectadas às 30 (ou 40, 41, 42, 50) semanas. Impedir o aborto (infanticídio)
antes das 30 (ou 40, 41, 42, 50) semanas é o fim do diagnostico pré-natal em
Portugal porque não se pode dizer ao casal que o filho é deficiente mas que
já não pode abortar".
Em boa verdade este argumento é o fim do diagnóstico pos-natal. Proibir o
infanticídio acaba com a pediatria porque nenhum médico pode dizer ao casal
que o seu filho é deficiente mas já não o podem matar. Mais uma vez temos o
processo desenfreado.
5. A reação em cadeia leva a seguinte trajetória de legalizações:
(a) Aborto cada vez em mais casos por razões econômicas será o próximo
passo e até mais tarde a meta, para já, são os cinco meses ;
(b) Infanticídio de deficientes como nos EUA ;
(c) Eutanásia inicialmente será voluntária mas tendencialmente passará a
obrigatória pela aplicação de leis indiretas: supressão total ou parcial
de benefícios da Segurança Social ou a possibilidade legal da família poder
decidir pelo parente;
(d) Esterilização forcada dos deficientes, dos criminosos e dos idiotas que
já começou na China, já foi feita na Suécia, etc.;
(e) Eliminação sumária dos deficientes profundos;
(f) Eliminação de deficientes e idiotas (QI<30,40);
(g) Eutanásia cada vez em mais casos: dos loucos, dos "homeless",
dos deficientes de trabalho a mais de 90%, etc.
(h) Aborto semi-forçado de bebês com deficiências menores. O Governo
recusar-se-á a pagar o tratamento, por exemplo, de bebês que vão precisar
de hemodiálise e os pais, não tendo como pagar, vêem-se forcados a abortar
;
(i) Aborto semi-forçado de pessoas com deficiências genéticas que só se
manifestarão aos 5 (10, 15, 20, 30, 50 ou 60) anos.
(z) O último a morrer apague a luz.
6. Os cientistas aceitaram riscar duas cidades japonesas do mapa. O problema
era evitar que a reação em cadeia não riscasse todos os homens da Terra.
Fermi descobriu como fazê-lo. Os pró-aborto aceitam (em certos casos) matar bebês
dentro da mãe. O problema é evitar que a reação em cadeia (de legalizações
sucessivas) não chegue a matar todos os homens da Terra.
Alguém consegue explicar como se pára o processo?
7. Uma resposta possível será confiar no bom-senso dos homens. Mas esse tem
falhado completamente. Os prazos e casos em que é permitido o aborto não
param de aumentar; a eutanásia já está aí: discutida seriamente em muitos
países, legalizada em alguns; o infanticídio é abertamente defendido por
filósofos pró-aborto e já está legalizado nos EUA; experiências científicas
com bebês vivos foram feitas nos anos 70 e 80 Não! Não foi na China! Foi na
América e na Europa de Leste e Oeste e os resultados foram publicados em
revistas cientifica; a esterilização de sub-pessoas como os deficientes
mentais é discutida freqüentemente. Tudo coisas que há trinta anos seriam
consideradas perfeitas aberrações.
Segundo estudos realizados nos países onde há eutanásia legal, nota-se uma
ansiedade anormal entre os idosos, revelando estes um pânico de ficarem
doentes e recusando-se a serem vistos por médicos, a receberem a família e,
acima de tudo, a levarem injeções. Tudo isto porque temem que todos -médicos,
família, assistente social- estejam combinados para lhes dar uma "morte
digna". Longe dos estudos acadêmicos, causou impressão a carta do
escritor Morris West. Sofrendo de doença terminal foi um dia convidado pela
assistente social a aceitar uma "morte digna", convite a que ele
reagiu com a máxima violência e verbal, mas que dá uma idéia de quão
voluntária é a "eutanásia legal". Também num país onde a eutanásia
é permitida dentro de condições "muito restritas" um estudo
concluiu que mais de 50% dos "eutanasiados" não deram o seu
consentimento pessoal ao ato.... O leitor quer passar a sua velhice nesta angústia?
(Juntos pela Vida)