Testemunhos Reais
Sobre as experiências do Aborto.
Se pretende expressar sua historia pessoal, por favor envie-nos um e-mail, iremos sempre manter o anonimato se assim o desejar.
Estas historias, publicadas com consentimento, mostram que uma mulher nem sempre está informada adequadamente, e que o aborto não é uma solução. Algumas delas pediram para permanecer anônimas.
2003
Recebida em 15/08/03
Meu nome é Letícia, tenho 40 anos e um filho lindo, de nove. Casei-me aos 30 anos. Demorei bastante para me casar. Achava que casar cedo aumentava muito as chances de um erro. Mas essas coisas são tão relativas...
Amava meu marido. Ele desejava muito um filho homem, posto que já tinha duas filhas do primeiro casamento. Depois de um "rebate falso", finalmente, a gravidez se confirmou. A felicidade foi grande, mas durou pouco. Paralelamente a isso, o casamento deteriorou-se em pouquíssimo tempo. Como se a própria gravidez tivesse mudado totalmente o temperamento de meu marido.
Em pouco tempo estávamos separados (a gravidez tinha pouco mais de dois meses). Em agosto de 1993.
Claro que foi muito difícil. Muitas pessoas questionavam-me a respeito de ter ou não o bebê. Meu próprio ex-marido colocou em "minhas mãos" essa decisão. Quando lhe falei que avisaria na época em que o bebê nascesse, ele simplesmente respondeu que eu "não precisava me preocupar com isso, pois ele não estava interessado". A mãe dele (minha ex-sogra), telefonou-me um dia, disponibilizando-se a me "ajudar", caso eu decidisse pelo aborto. Perguntei-lhe como tinha coragem de sugerir que matasse o seu próprio neto? E ela respondeu apenas que era um "direito" da mulher, esse tipo de decisão. Depois, ficou me mostrando como seria "difícil" criar um filho sem o pai por perto. Aquele telefonema realmente me fez um mal terrível! Pior ainda do que o que tinha escutado do próprio pai do meu filho. O que mudava os fatos é que ela é uma mulher, mãe, avó... enfim...
Graças a Deus, JAMAIS me passou pela cabeça interromper a gravidez, que seguiu saudável até o fim, trazendo-me, no dia 9 de março de 1994, um belo bebê de quatro quilos e quatrocentos gramas.
A avó que sugeriu o aborto acabou por ir conhecer o bebê. E chorando, com ele em seus braços, ao ver a sua semelhança com o pai, emocionada, desculpou-se por aquela barbaridade dita meses antes.
Meu ex-marido procurou-me espontaneamente, para conhecer o filho que, na época, estava com quase um aninho. O que permiti. Mas ele não ficou assíduo na tarefa de pai (e tampouco exigi isso em qualquer tempo). Voltou a desaparecer e reapareceu há dois anos. O menino estava, então, com sete anos. Viram-se algumas vezes, até que o pai marcava e não aparecia. Meu menino tomou então uma decisão ímpar: pediu que o pai não voltasse a procurá-lo. Quando questionei por que ele teria feito isso, a resposta foi simples:
- Mamãe, ele marca e não aparece. Eu fico esperando e ele não vem. Se ele não quis ser meu pai esse tempo todo, desse jeito, agora eu é que não quero ser filho dele.
Uma criança, então, com sete anos. Que escolha! Uma escolha que respeitei profundamente... não dá para impor uma figura assim a uma criança que precisa aprender a importância da palavra dita por um homem. O que procuro fazer é trabalhar dia-a-dia, o perdão no coração do meu pequeno. Não pelo pai dele, mas por ele próprio. Para que possa ser, um dia, um homem dono de um coração sem mágoas.
Não é que tudo seja simples ou fácil, ao contrário! Mas a vida é grandiosa e nos dá tantas recompensas! Temos problemas sim, como todo mundo, mas estamos juntos. Vivendo dentro da verdade e do Amor.
Meu filho Julio é o meu melhor amigo. O meu sonho mais bonito! Não posso nem pensar em como seria minha vida se não o tivesse!
A ausência do pai, com certeza é algo que qualquer criança sente, mas a ausência da vida seria de um vazio incomensurável. Ainda bem que tenho meu filho!
Depois que a criança está sendo gerada no ventre materno, ela passa a ser uma vida independente, ainda que dependa do amor de sua mãe... Mas em pouco tempo, seu coração já pulsa. E vibra! E anseia por VIDA!
Se o problema for o pai, então não há problema! Se não é ele que vai educar o seu filho, não precisa ser ele a sustentá-lo também! Você terá uma vida de lutas! Mas terá um lindo filhinho ao seu lado! :o)
Leticia Bergallo
Recebida em 07/08/03
Dezembro de 2002
Na época eu tinha 19 anos e namorava á um ano e meio,eu o amava muito.
Costumávamos beber durante o final de semana, ele principalmente bebia até
demais... até que um dia qualquer do mês de dezembro bebemos muito,muito mesmo
e acabamos transando sem camisinha e eu nunca havia tomado nem um tipo de
cuidado,não tomava comprimido... quando chegou o dia de vir a
menstruação...não veio!achei estranho por que o meu ciclo era certinho,eu
sabia até a hora que vinha.Passou uma semana e nada ,então comprei um teste de
farmácia e fiz, o resultado foi positivo, não acreditei... fui a um
laboratório e fiz o exame no sangue e novamente o resultado foi
positivo,fiquei desesperada!!!!! Logo liguei para o meu namorado que saiu
correndo do trabalho e veio ao meu encontro, chorei muito, eu estava
desesperada. Eu queria ter um filho quando eu pudesse dar a ele tudo o que eu
nunca tive, e naquele momento eu não estava desejando aquele filho, meu
namorado comprou o cytotec e tomei!! Foi a pior coisa!!!
Três horas depois de ter tomado o cytotec comecei a sangrar, sentei no vaso
sanitário e fiquei chorando,as dores são terríveis, pior do que ter um filho
em parto normal,mas o sangramento não parava eu estava sozinha não conseguia
nem andar. Então fui me arrastando pelo chão do banheiro peguei o telefone e
liguei para o meu namorado, ele veio correndo... quando chegou que viu o meu
quarto todo cheio de sangue ficou desesperado... eu lembro como se fosse
hoje... ele me pegou nos braços colocou uma toalha em volta do meu corpo e me
colocou no carro dele, eu ia gritando tanto que ele começou a chorar também
por que o meu estado era muito grave... a toalha já não era mais branca e sim
vermelha... chegando ao hospital de emergência, fui examinada e disseram que o
embrião já havia sido eliminado, no outro dia fizeram uma curetagem pois era
necessário. Quando fui para casa me senti vazia,eu ainda estava muito fraca,
pois perdi mais sangue do que o normal, e foi aí que eu soube que ia pagar um
preço muito alto por ter abortado, o medico falou que nunca mais eu iria poder
engravidar pois deu uma complicação no meu útero. Faltou chão nos meus pés,
contei para o meu namorado, nos arrependemos muito por termos feito isso...
mas já estava feito e continuamos por aqui vivendo mas todo dia lembro do que
fiz. Eu e meu namorado casamos mas ainda não adotamos nenhuma criança.
"Peço que meu filho me perdoe" Pois fui fraca e burra!!!!
Recebida em 05/08/03
Minha história espero que sirva de
exemplo, para aquelas que pensam em abortar.
Descobri que estava grávida com dois meses de namoro,meu namorado esteve
sempre ao meu lado,disto não posso reclamar.Quando descobri fiquei muito
feliz,desejei por muitas vezes ter um filho com o amor da minha vida.Sentamos
e conversamos.Por mais amor que tivéssemos para dar não era o suficiente
desejava ter um lar,um carro para levá-lo aonde ele quisesse,e ainda mais
tinha meus pais que pagavam minha faculdade,e não eram meus amigos para apoiar
em nada.Posso dizer que apoio tive apenas do meu namorado.Resolvi
tirar.Implorei para meu namorado comprar o cytotec dois dias depois estava eu
colocando dois cytotec e engolindo um.Os efeitos começaram a aparecer,minha
amiga estava ao meu lado,meu namorado estava trabalhando,não podia alarmar
muito pois meus pais poderiam descobrir.Depois de quase 6 horas minha cama
estava encharcada de sangue.não tive duvida tinha acabado de matar meu próprio
filho.A sensação de arrependimento veio na hora.fiquei muito mau não dormia
direito e nem comia.depois de alguns dias fui ao hospital,fiz a curetagem,e
acordei ao lado de uma mulher que havia acabado de ter um bebê.como era
horrível encarar a realidade,havia matado meu filho,um filho que um dia
desejei.Fugi do hospital por não poder dormi lá por causa dos meus pais.3 dias
depois fui ao médico para saber como estava minha saúde,e descobri que não era
das melhores.Os médicos tinham me perfurado e deixado restos da placenta
dentro de mim. Depois disto,jurei que nunca mais faria um aborto,e que em
hipótese alguma incentivaria alguma mulher a cometer este crime
horrendo.Infelizmente não foi assim que aconteceu.2 meses depois de ter
sofrido humilhações de médicos,e dores constantes,engravidei de novo do meu
namorado.desta vez era diferente,não poderia ter este filho devido ao meu
organismo que além de fraco,estava machucado,pela ultima
cirurgia(curetagem).Então fui ao médico e disse para ficar de repouso
absoluto,mas nem isso foi possível,minha placenta estava muito descolada,e
mesmo assim estava correndo o risco, e de estar grávida e meu filho morrer até
os nove meses de gestação.resolvi de novo tomar o cytotec,para acabar,com
tudo:-as dores,o sangramento,e o medo de ver meu filho descendo pela minha
vagina.depois de 1 semana fui ao hospital,meu filho ainda estava vivo,só que
sem nenhuma chance de nascer,tomei de novo o cytotec,desta vez ele
morreu.Infelizmente as coisas começaram apartir daí. Sangrava com freqüência,e
as dores passaram a se multiplicar.Marquei de ir no hospital fazer a
curetagem,só que dois dias antes de ir aconteceu o inesperado,meu filho desceu
pela minha vagina e tive a infelicidade de ver ele morto,caído entre as minhas
pernas pequeno mas formadinho,com os bracinhos,o corpinho como dói lembrar
,tive que ser racional mesmo não tendo forças para encarar,meu filho. E ainda
tinha meus pais que não poderiam saber o que estava acontecendo, eu dentro do
banheiro assustada e vi tava de ver meu filho para não ficar com a imagem dele
na minha mente.chamei meu namorado ele veio para minha casa me ajudar pois não
estava conseguindo andar,com tanta dor,então coloquei meu filho dentro de um
saco plástico junto com tudo que tinha manchado de sangue e pedi para meu
namorado para jogar fora,depois fui até a casa da minha amiga para poder
repousar,pois estava vomitando,e urinando sangue.entrei em desespero ao
lembrar de tudo o que estava passando.Meu namorado junto com minhas amigas
cuidaram de mim,mas ainda sim não estava bem,aliás continuo não estando.Ainda
não fui no médico,creio que meu estado é grave,pois tenho anemia profunda e
sérios problemas psicológicos devido ao primeiro aborto.sinceramente não estou
preocupada comigo.é o mínimo que deveria acontecer comigo depois desta
barbaridade toda que cometi,minha vida desabou,meu relacionamento,esta
inconstante devido minhas crises nervosas,tenho depressão profunda,corro risco
de não ter mais filho, vivo chorando pelos cantos,mas mesmo assim meu Amor
ainda esta ao meu lado me apoiando,acabou que no final minha mãe descobriu que
eu havia abortado,e foi sua maior decepção. já não sorrio mais,perdi o
entusiasmo pela vida.Creio que não tenho mais o direito de viver.Peço a Deus
que me perdoe e que meus filhos me perdoem...hoje eu falo haja o que houver
caso eu engravide de novo terei meu filho nem que seja de baixo da ponte,só eu
sei o que passei,médicos de hospitais particular me maltratando me
perfurando...é muito sofrimento,se pararmos para analisar sofrerei a vida
inteira por causa duque fiz, caso eu tivesse aceitado esta gravidez,passaria o
resto da minha vida sorrindo por ter alguém que sai de dentro de mim e que me
chamaria a vida inteira de mãe. Para aquelas que querem fazer isto ainda dá
tempo de pensar,para aquelas que não tiveram alternativas boa sorte minhas
amigas e que Deus as perdoem.Meus filhos me perdoem mamãe ama vocês.
Olá, Chamo-me Gina e tenho 28 anos.
Casei com 19 anos e na altura julguei ter encontrado o homem da minha vida,
aquele com quem iria viver para sempre. Fiquei grávida e foi uma enorme
alegria, mas passados três meses tive uma aborto espontâneo. Foi um momento
difícil nas nossas vidas, pois um filho era algo que desejávamos muito.
Passado algum tempo engravidei de novo e tive um lindo menino. Três anos mais
tarde tive outro menino. Eles dois têm sido a maior alegria da minha vida. O
relacionamento com o meu marido estava a deteriorar-se, o amor estava a
extinguir-se e apaixonei-me por um companheiro no trabalho, que também era
casado, já tinha dois filhos e também não era muito feliz. Conversávamos muito
sobre nossas vidas, brincávamos muito e ficamos amigos demais, até que
confessamos um ao outro que nos amávamos. Ele é alguém que me ama muito, que
me faz muito feliz é a minha alma gêmea, alguém que amo de todo o coração,
alguém sem o qual já não poderia viver... A minha vida mudou, passei a ser a
mulher mais feliz do mundo e sentia que ele também era muito feliz comigo. Já
não conseguíamos passar um sem o outro, e todos os dias perguntávamos?
-"Quando vamos ficar juntos?"
Chegou o dia que descobri que estava grávida... Foi uma sensação de medo e ao
mesmo tempo de felicidade. Por momentos desejei não ter este bebê, mas o
conforto das palavras do meu amor deram-me força. Decidimos ficar juntos,
ultrapassar todas as dificuldades que nos aparecessem pela frente e ter este
filho. Arranjamos casa e separei-me do meu marido e ele no mesmo dia também se
separou da sua esposa. Já me divorciei, e os meus filhos ficarão comigo. Hoje
estamos juntos e muito felizes, estou com oito meses de gravidez, e o médico
diz que vai ser mais um menino. É uma enorme alegria estar grávida, ver esta
barriguinha crescer, senti-lo mexer, ver o meu companheiro tocar a minha
barriga com tanto amor. O aborto não é a solução... Fico imaginando se tivesse
decidido fazer um aborto, não me perdoaria. Hoje depois de ver algumas fotos
de abortos, fiquei impressionada, é uma violência sem fim, um atentado á vida,
algo de muito monstruoso... Esta semana voltou-se a falar muito do "Referendo
a favor do aborto", não condeno ninguém que o tenha feito, só peço que pensem
muito antes de tomar uma decisão destas, pois ser mãe é das maiores alegrias
da vida, é uma benção de DEUS.
Recebida em 23/07/03
Olá, desculpem-me mas prefiro que minha identidade não seja divulgada. Tenho 20 anos e há 8 meses cometi esse que deve ser o maior dos pecados que existe.
Tenho plena consciência que meu imenso arrependimento não será suficiente para redimir essa falta, de qualquer maneira escrevo por dois motivos: a angustia de saber que fui absurdamente insignificante a ponto de fazer isso é sufocante e falar sobre o assunto é uma maneira de me conformar que não existe volta. O segundo motivo é por acreditar que outras pessoas que estejam passando pela mesma situação que eu me encontrava há alguns meses, tenham a possibilidade de conhecer um pouco de como se torna a vida de uma mulher depois que ela opta por tirar a vida de seu próprio filho.
Logo, os comentários de q ele estava com outras garotas, surgiram e não conseguíamos mais ficar muito tempo perto sem brigar, fomos nos distanciando por isso, era uma relação muito agressiva, mesmo assim, na cama nos entendíamos perfeitamente o q nos levou a encontros só pelo prazer, assim q a relação acabava voltávamos a nos agredir com palavras e ficávamos sem nos ver por semanas. Isso durou por alguns meses até q em 17 de agosto de 2002 nos encontramos pela última vez.
Algo me dizia que aquela era a última vez...
Como minha menstruação nunca foi regulada, nem me preocupei por ela não ter vindo no decorrer dos dias. Contei a uma amiga do trabalho e todo dia ela me perguntava "e aí? ela veio?, o tempo foi passando e nada, até que no dia 23.09 fiz (contra a minha vontade pq eu já tinha certeza que estava grávida) um exame de farmácia que deu positivo e no mesmo dia um exame de laboratório q confirmou minha suspeita.
Entrei em pânico e estava convicta de q aquele filho não nasceria, não havia condições financeiras, nem psicológicas, nem da minha parte, nem dos meus pais, nem dele, pra que aquela criança fosse criada com responsabilidade, como uma criança merece ser criada. Na noite daquela segunda feira, fui à faculdade falar com ele e já cheguei logo entregando o exame e dizendo: "é só pra você saber caso aconteça alguma coisa comigo, já estou pensando em como fazer isso, procurar um médico, comprar aquele tal remédio cytotec q é muito caro, qquer coisa." Ele ficou sem cor, começou a chorar, eu já havia chorado tuuuuudo o que podia e bem lá no fundo tinha esperanças de q ele dissesse q não era isso q eu deveria fazer, q daríamos um jeito, q ficaríamos juntos pra enfrentar aquela situação. O preço q estou pagando por ter ficado calada é bem alto, deveria ter dito tudo isso pra ele e enfrentado todas as circunstâncias pra defender meu filho, afinal, a única coisa q um filho pode esperar de uma mãe enquanto está dentro da barriga dela é proteção. Mas, não, fiquei calada e esperei alguma reação dele, q num primeiro momento não sabia o q dizer. Fui pra casa e esperei q ele me ligasse e ele não ligou. Passei uma noite péssima e tive certeza q não teria apoio dele, independente da minha decisão, pedi a semana de folga no trabalho (já havia voltado pra casa dos me us pais) e minha mãe percebeu tudo só que eu não admitia.
Minha amiga do trabalho conhecia uma vizinha q tinha como conseguir cytotec e como seria clandestinamente ficava um absurdo de caro. Na quarta-feira tive q ir ao meu trabalho pq aquela minha amiga contou ao meu chefe e ele me intimou a ir falar com ele, me deu apoio pra q eu levasse a gravidez adiante, ele sempre foi como um pai, procurando o meu bem de qualquer maneira. No mesmo dia conversei com o pai do meu filho e com o coração na mão acabei concordando com ele de q o aborto seria a melhor opção por não termos capacidade de dar uma vida decente pra uma criança, não ficaríamos juntos, não teríamos como dar o melhor pra ele, o q todo pai pensa quando decide ter um filho, mesmo assim se propôs a ficar ao meu lado pra segurar a barra do aborto. Fui burra o suficiente pra concordar com isso tudo, não queria criar um filho sem a presença constante do pai, não iria pra maternidade de ônibus, não queria acordar de madrugada e estar sozinha pra cuidar da criança, estava realmente me sentindo sozinha, sem chão, algumas pessoas em quem confiei pra contar a situação me aconselharam a não o fazer e minha amiga do trabalho ficou do meu lado, independente da decisão q fosse tomar.
Na sexta-feira fomos juntos a um médico conhecido meu, e explicamos a situação e perguntamos quais eram as chances do aborto, eu já estava grávida de um mês e meio e ele disse seria complicado e q se não desse certo, a criança seria um monstro, exatamente assim, portanto, eu teria que tomar o remédio durante a semana, quando ele poderia me atender caso fosse necessário, por trabalharmos no mesmo hospital, optei por tomar o remédio na segunda-feira seguinte (fomos juntos buscá-lo no domingo e ele pagou 500,00 por 4 comprimidos) e em menos de três horas depois de ter tomado 03 comprimidos eu estava sangrando e sentindo dores absurdas. Chamamos o médico q me internou na hora, o sangramento passou a ser uma hemorragia intensa, eu sentia dores horríveis e estava sozinha! A única pessoa q ficou comigo todo o tempo foi minha amiga do trabalho q tentava falar com o "pai" incansavelmente e ele não atendia. Meu chefe q não sabia do remédio, a idéia era q o aborto parece natural, ficou muito preocupado, ligou pra minha mãe ir ao hospital mas não contou nada. No final daquela tarde, o médico pediu um ultra-som pra não levantar suspeitas e eu pude ouvir o coração do João, foram alguns segundos q eu não sei precisar o tamanho da importância. à partir daí, me dei conta do tamanho da besteira q havia feito, em seguida minha mãe chegou e passou a noite comigo e sem saber a verdade.
No dia seguinte foi ele que contou a verdade pra minha mãe q ficou inconsolável, foram os piores momentos da minha vida, ela chegando no quarto e me abraçando, chorando, sem saber o q dizer, eu me senti a pior das criaturas, logo em seguida chegou o pessoal do centro cirúrgico pra me buscar, pq eu teria q fazer um curetagem, estava muito fraca, quase precisei de transfusão de sangue, quase morri. E foi o q depois eu disse q era o q tinha q ter acontecido, deveria ter morrido na mesa de cirurgia, esse ato não tem perdão, por mais que eu me arrependa não existe nada, absolutamente nenhum motivo q justifique tal atitude.
O pai? Alguns dias depois foi na minha casa me pedir desculpas por não ter ficado ao meu lado qdo precisei, não o culpo, ele estava tão assustado qto. eu e se eu estivesse no lugar dele acredito q acabaria fazendo o mesmo, a imaturidade prevalece nesses momentos de fraqueza, isso tudo me deixou marcas irreparáveis, aprendi a não guardar rancor nem mágoa mas, acredito q se ele estivesse ao meu lado eu teria enfrentado tudo da mesma maneira só não teria ficado tão traumatizada, até hoje não consegui me relacionar com mais ninguém e procuro não falar com ele mesmo, morrendo de vontade, apesar de tudo o q aconteceu sinto por ele uma dependência q me sufoca e eu caio em tentação só pra poder ouvir a voz dele às vezes.
Espero superar isso tudo e encarar a situação com menos desprezo pela minha atitude, tenho a foto do ultra-som guardada e sempre a pego e converso com o João, peço perdão, peço Deus q tome conta dele por mim e peço q me perdoe, q me dê forças pra continuar vivendo e não fazer mais nada sem pensar, sem raciocinar, sem ouvir o q ele que de mim.
Agradeço por saber q outras pessoas lerão esse depoimento e possam usa-lo como exemplo pra q não façam o mesmo, agradeço pela oportunidade de desabafar. Hoje o João estaria com menos de 1 mês e eu seria a mulher mais feliz do mundo se tivesse tido coragem pra enfrentar tudo por ele. A covardia foi maior, me venceu, não sei se poderei engravidar novamente mas, espero, do fundo do coração encontrá-lo um dia, em outra vida, quem sabe, e ter a chance de ver seu rosto, ouvir seu choro, ouvi-lo me chamar de mãe...
Recebida em 05/06/03
SERÁ QUE VALE APENA DEIXAR VIVER?
MEU NOME É BÁRBARA E DESEJO COMPARTILHAR COM OS INTERNAUTAS UM POUCO DE MINHA ÁRDUA HISTÓRIA...
EU TINHA 14 ANOS QUANDO CONHECI UM RAPAZ QUE FAZIA PARTE DA MESMA IGREJA QUE EU FREQÜENTAVA, ELE TINHA 21 ANOS E ERA UMA PESSOA DE POUCA ÍNDOLE NO MEIO DA SOCIEDADE, POR ISSO OS MEUS PAIS FORAM TOTALMENTE CONTRA AO NOSSO RELACIONAMENTO, VISTO QUE EU UMA PESSOA DE FAMÍLIA BASTANTE CONCEITUADA NO BAIRRO,.MESMO ASSIM IGNOREI OS CONSELHOS DE MEUS PAIS E COMECEI A NAMORA ESCONDIDO, FORAM 4(QUATRO) ANOS DE ANONIMATO E SOFRIMENTO, ELE UM RAPAZ VICIADO EM DROGAS,SE METIA EM MUITAS CONFUSÕES ,FOI ACUSADO DE HOMICÍDIO, MAIS LOGO EM SEGUIDA FOI INOCENTADO, ATÉ HOJE NÃO SEI A VERDADE QUANTO AO FATO, E POR ESSA ACUSAÇÃO OS PARENTES DA VITIMA TENTARÃO MATÁ-LO, ELE FOI BALEADO E FICOU INTERNADO POR MAIS OU MENOS 1 MÊS EM ESTADO GRAVE,MAIS “FELIZMENTE” SE RECUPERO, ESTOU CITANDO TUDO ISSO PARA QUE VOCÊ POSSA TER IDÉIA DO QUANTO EU SOFRI POIS A ESSA ALTURA DO CAMPEONATO EU JÁ ESTAVA COMPLETAMENTE APAIXONADA,E EM TODOS ESSES MOMENTOS DIFÍCEIS DA VIDA DELE EU QUERIA ESTAR ALI, BEM PERTINHO DELE PARA QUE ELE PERCEBESSE O QUANTO EU O AMAVA,E ISSO TUDO TERIA QUE SER FEITO ESCONDIDO DEVIDO A REPROVAÇÃO DE MEUS PAIS, DAÍ COMEÇOU A SURGIR AS MENTIRAS, A DESONESTIDADE E TUDO QUE CONTRARIAVA OS MEUS PRINCIPIO FAMILIARES. ESTAVA COM 18 ANOS QUANDO COMECEI A SENTI OS PRIMEIROS SINTOMAS DE GRAVIDEZ, FUI PROCURAR O MEU NAMORADO QUE NA ÉPOCA ESTAVA ENTERNADO EM UMA CASA DE RECUPERAÇÃO PARA DROGADOS, E PEDI DINHEIRO PARA FAZER O BETA HCG ( TESTE DE GRAVIDEZ), ELE NA SUA ESTUPIDEZ MANDOU EU ME “VIRAR” ,FOI QUANDO EU FUI NA CASA DA MÃE DELE E PEDI O DINHEIRO( MEUS PAIS HAVIAM CORTADOS TODOS OS MEUS RECURSOS ,JÁ PARA IMPEDIR QUE EU FOSSE ME ENCONTRAR COM ELE). CONSEGUI O DINHEIRO, E FUI FAZER O EXAME. A MOÇA DO CONSULTÓRIO DISSE QUE ESTARIA PRONTO EM 3 HORAS, MAIS MEU INTIMO DESEJAVA QUE ESSAS 3 HORAS FOSSEM PRORROGADAS POR MAIS UNS 30 ANOS, MAIS COMO A REALIDADE É DURA ........ NÃO SEI DEFINIR O SENTIMENTO QUE INVADIU O MEU SER, QUANDO DE POSSE DAQUELE PAPELO NOME “POSITIVO” PARECIA SALTAR DA PAGINA E PENETRA TODA ESTRUTURA DE MINHA ALMA, ERA UM SENTIMENTO DE DESESPERO, MISTURADO COM DOR, ALEGRIA, SOLIDÃO E UM IMENSO VAZIOU. FUI PARA CASA SEM SABER SE FLUTUAVA OU SE ANDAVA...ERA ALGO TÃO ESTRANHO..... NÃO SABIA O QUE FAZER NEM O QUE DIZER TUDO PARECIA SE DESMORONAR...... CHEGA ENTÃO A HORA DE CONTAR AO MEU NAMORADO A NOVIDADE, E SABE QUAL FOI A REAÇÃO DELE? NENHUMA, DIGNA DE UM SER HUMANO, ELE SIMPLESMENTE NA CARA DE PAU DISSE QUE NÃO TÍNHAMOS CONDIÇÃO DE TER UM FILHO, PELA NOSSA SITUAÇÃO E QUE EU DEVERIA ABORTAR, SIMPLESMENTE ABORTAR ,COMO SE ISSO FOSSE A COISA MAIS NATURAL DO MUNDO....TIVE VONTADE DE DAR EM MIM MESMA POR TER SIDO TÃO BURRA E TER ENGRAVIDADO DE ALGUÉM TÃO INSENSÍVEL..... NÃO ME DEIXEI LEVAR PELA SITUAÇÃO E DECIDIR TER O MEU FILHO INDEPENDENTE DE QUALQUER COISA,E DE QUALQUER PESSOA ...EU TERIA O MEU FILHO HOUVESSE O QUE HOUVESSE.....ESTAVA DISPOSTA A ENFRENTAR TUDO E TODOS POR ELE DA MESMA FORMA QUE TINHA FEITO COM MEU NAMORADO...PASSEI POR MOMENTOS MUITO ANGUSTIANTES ATE MINHA FAMÍLIA FICAR SABENDO DA MINHA GRAVIDEZ(COMO FAMÍLIA CONSERVADORA EU TINHA MEDO DE QUE ELES ME EXPULSASSEM DE CASA), O QUE GRAÇAS A DEUS NÃO ACONTECEU, E ME SURPREENDI COM O APOIO QUE TODA MINHA FAMÍLIA ME DEU REALMENTE NÃO ESPERAVA SER TÃO APOIADA DEPOIS DE TUDO O QUE FIZ,SOU ETERNAMENTE GRATA A ELES POR ISSO. TIVE UMA GRAVIDEZ MUITO COMPLICADA DEVIDO AOS COMENTÁRIOS MALDOSOS QUE AS PESSOAS FAZIAM, NO QUAL ME ABALAVA MORALMENTE E INTIMAMENTE....TALVEZ POR ISSO MINHA FILHINHA TENHA NASCIDO UM POUCO MAIS CEDO QUE O NORMAL...
APESAR DE TUDO, VALE RESSALTAR QUE EU AINDA MANTINHA O MEU RELACIONAMENTO...
NO DIA 12 DE OUTUBRO DE 2001 EU ESTAVA DANDO A LUZ A UMA LINDA MENININHA, POR PARTO CESSARIA E PREMATURA DE 7 MESES COM APENAS UM QUILO E MEIO, E 45 CENTRÍPETOS.......ELA ERA TÃO PEQUENININHA,MAIS DE UMA SIGNIFICÂNCIA TÃO GRANDE, NAQUELE MOMENTO SENTI-ME A MULHER MAIS REALIZADA E COMPLETA DO MUNDO..ERA UM SENTIMENTO DE POSSE, DE AMOR QUE SE EXPANDIA POR TODO MEU INTIMO, NUNCA SENTI UMA ALEGRIA TÃO GRANDE EM TODA MINHA VIDA..SINCERAMENTE NÃO SEI COMO EXPLICAR , E ACHO QUE NÃO EXISTE PALAVRAS SUFICIENTEMENTE FORTE QUE POSSA ESPLANAR ESSE SENTIMENTO É ALGO SIMPLESMENTE INDESCRITÍVEL........
OUSA TODO UM PROCESSO DE ESTREMO CUIDADO COM ELA POIS POR TER SIDO PREMATURA NECESSITAVA DE CUIDADOS REDOBRADOS...
HOJE COM 1 ANO E 7 MESES ELA É A COISA MAIS FOFA DO MUNDO...... HOJE OLHO PARA TRAZ E VEJO QUE TODO SOFRIMENTO VIVIDO VALEU A PENA, E MARAVILHOSO VER O SEU SORRISO ALEGRE DIZENDO MAMÃE, MAMÃE, QUANDO CHEGO DO TRABALHO ELA ESTA ME ESPERANDO E CORRE PELA RUA PARA ME ABRAÇAR, ME BEIJA ME BEIJA MUITO, COMO SE ESTIVESSE AGRADECENDO O FATO DE ESTAR VIVA. QUANDO VOU PARA FACULDADE E ÓTIMO ESCUTAR: MAMÃE VOLTA LOGO QUE ESTOU TE ESPERANDO- COM AQUELA VOZ DOCE E MEIGA QUE SÓ ELA POSSUI- .AMO MINHA FILHA E SEI QUE A DECISÃO QUE PARA O MEU NAMORADO PARECIA TÃO ABSURDA , HOJE SEI QUE FOI A MELHOR DECISÃO QUE EU PODERIA TER TOMADO: MINHA FILHA VIVERÁ.
MORO COM MEUS PAIS QUE POR SINAL ADORAM MINHA FILHA ,ELA É O XODÓ DA FAMÍLIA, ENCANTA A TODOS DE FORMA SURPREENDENTE....
MEU NAMORADO ESTA TRABALHANDO NO INTERIOR E SÓ VEM NÓS VER NOS FINAIS DE SEMANA ..HOJE ELE TAMBÉM A ADORA , MAIS É INEVITÁVEL NÃO VIR A MINHA MENTE, QUANDO ELE À ESTAR ABRAÇANDO,SUA DURAS PALAVRAS, E PENSO: SE EU TIVESSE SIDO FRACA E SEGUIDO SEU CONSELHO HOJE NÃO TERÍAMOS O MUNDO TÃO COMPLETO...VOCÊ NÃO A DESEJAVA MAIS DEUS TE FEZ AMÁ-LA MAIS DUQUE ESPERAVAS , PARA TE PROVAR QUE O AMOR SEMPRE VENCE TUDO E TODOS,,,,
VOCÊS DEVEM ESTAR SE PERGUNTANDO PORQUE AINDA CONTINUO COM ELE......
DIGO QUE NÃO SEI A RESPOSTA,,, SÓ SEI QUE MEU RELACIONAMENTO É COMO UM CÂNCER, ESTA ALI, ME FAZENDO MAL ,ME CORROENDO, ME FAZENDO SENTIR DOR MAIS É ALGO QUE NÃO TENHO PODER DE EXTINGUI, E CHEGA AO PONTO QUE EU ME ACOSTUMO A VIVER COM ESSA INFINITA DOR ATÉ O DIA EM QUE ELA NÃO MAIS EXISTA............ SÓ MINHA FILHA É A RECOMPENSA DE TODO ESSE SOFRIMENTO.
LUTE CONTRA TUDO E CONTRA TODOS , MAIS NÃO TIRE A VIDA DE UM INOCENTE, QUE MAIS TARDE PODERÁ SER SUA ÚNICA RAZÃO DE VIVER, ASSIM COMO TEM SIDO A MINHA.... É DIFÍCIL EU SEI, MAIS UMA DECISÃO CERTA DURARÁ A VIDA TODA, ASSIM COMO UMA ERRADA......PROSSIGA COM A CONSCIÊNCIA TRANQÜILA SABENDO QUE O QUE FEZ É O CERTO......... SIM, VALE A PENA DEIXAR VIVER...
Recebida em 30/05/03
Eu tinha 14 anos quando descobri que
estava grávida. Foi realmente uma barra, pois eu nem havia falado para minha
mãe que tinha perdido a virgindade, imagine estar grávida aos 14 anos. Mas eu
sabia que mesmo tendo que enfrentar todas as dificuldades que estavam por vir,
eu, jamais, em momento algum pensei em abortar. Até porque minha mãe por ser
Espírita Kardecista seria radicalmente contra. Estava só, sem o pai do bebê
para me apoiar mas nem por isso desisti de ter meu filhinho. Quem diz que
abortou com medo da reação dos pais, as vezes o fazem sem saber qual seria a
reação, eles podiam até ter aceitado. Meus pais ficaram chateados é óbvio, mas
depois que o João Augusto nasceu eles se derretem ao vê-lo sorrir. É uma
sensação maravilhosa, mesmo com toda a dor do parto, tudo compensa, só de
pensar que você tem uma pessoa que precisa de você para fazer tudo, que chora
para ficar no teu colo, que chega a revirar os olhinhos quando mama do seu
leite. Mesmo não entendendo nada, ele sabe que você é a mamãe que o vai
proteger e o amar. Hoje eu tenho 17 anos, o João tem 1 ano e 8 meses, e
jamais, em momento algum me arrependi de tê-lo. Tenho agora uma pessoa a quem
ele pode chamar de pai, que me aceitou quando eu estava apenas com 3 meses de
gestação, estamos noivos e formaremos uma família feliz com nosso filho.
Espero que minha história ajude uma mãezinha a mudar de idéia e tirar esse
pensamento ruim da cabeça. Acredite, mesmo com toda dificuldade que você venha
a passar, não há nada melhor do que você ter alguém para te amar, te chamar de
mamãe e te dar um beijo todo melado de chocolate.
CECÍLIA - 16/05/2003 BSB-DF
Recebida em 16/05/03
Tenho 37 anos e sou a mulher e mãe solteira mais feliz do mundo. Minha vida estava estabilizada, com um bom trabalho, morava sozinha e rodeada pelos familiares e amigos. Mas aconteceu o que eu nunca esperava. Depois de reencontrar um antigo namorado, fiquei grávida. Veio o medo, a preocupação e pergunta: Como vai ser? Mas, aos poucos fui assimilando a situação e meu bebê que era "um problema" passou a ser meu filho. Hoje ele tem 1 ano e 4 meses, estou criando ele sozinha, porque o pai se afastou, mas somos muitos felizes. Olho para ele com a tranqüilidade de quem não tirou dele o direito de viver, olho para ele como quem mudou 100% a minha vida para melhor. Hoje penso que não era feliz não, porque feliz eu sou hoje com aquela benção que Deus me deu. Posso falar por experiência, que o aborto não vale a pena. Vale a pena sim, olhar para o seu lado e ver uma criança dormindo ou escutar ele dizer: MAMÃE!!! NUNCA FAÇA ABORTO! FAÇA SEMPRE A VIDA!
Recebida em 16/05/03
Nome : GEORGIA - Cidade : São Paulo - SP Assunto : ABORTO
Mensagem : Quero relatar minha experiência:
Meu noivo me indicou em uma firma e comecei a trabalhar. Lá conheci um cara agradável, bom papo - aqueles tipos calhordas. Comecei a me envolver com ele e mesmo traindo meu companheiro engravidei este cara. Foi muito difícil para mim estar grávida daquele cara, e ele me ofereceu remédio para abortar e disse que ele mesmo o faria. Quando decidi ter a criança ele sequer olhava na minha cara na empresa e quando telefonava para ele ele não atendia o telefone pois estava com outra mulher em seu apartamento. Cada vez que eu precisava de dinheiro para comprar alguma coisa do enxoval era um escândalo. No meu serviço meu chefe pediu para que eu treinasse outra pessoa para ficar no meu lugar na licença maternidade e ele e uma funcionária - amante dele garantiu que eu teria o emprego de volta. Quando eu voltei da licença fui remanejada e rebaixada de cargo e comecei a sofrer uma pressão violenta para que eu pedisse as contas. Tudo isso me resultou em uma síndrome do pânico, por causa da empresa deixei de amamentar minha filha, quando morri por causa da síndrome, atualmente estou afastada pelo INSS, o pai da minha filha sequer vem visitá-la, negou a registrá-la e não ajuda em nada, mas quando olho para ela penso que valeu a pena e quanto ao meu noivo apesar de ser uma pessoa grosseira é a pessoa mais maravilhosa que conheci na minha vida e sinto vergonha de estar com ele ainda pois ele me deu uma casa e registrou minha filha. E quanto ao calhorda um dia ele pagará muito cara por tudo que me fez e acredito já estar pagando. Sei que irei passar por dificuldades financeiras mas nada justifica o aborto acho que nem em casos de risco de vida não é justo que um inocente seja sacrificado por falta de responsabilidade e vaidade. Essas conversas que as mulheres que fizeram aborto falam meu filho me perdoe etc e tal para mim é a mais pura prova do mau caratísmo e covardia.
Recebida em 30/04/03
Bem, gostaria muito de compartilhar com vocês a mais divina das dádivas: como e bom ser mãe...
Aos 17 anos comecei a namorar o pai de meu filho. Logo engravidei. Sempre tive muita vontade de ser mãe. Mas não naquelas circunstancias... Tão logo soube que estava grávida me bateu o desespero. Meu maior medo era contar para meus pais, tinha medo da reação deles. E não foi diferente do que imaginei: minha mãe chorou muito, meu pai então, ficou 1 ano sem me dirigir a palavra.
Mas, eu faria tudo de novo, passaria por tudo outra vez. Cada vez que meu filho me da um abraço, me beija, eu tenho mais certeza de que valeu a pena...
Porque os mesmos pais que fizeram um escândalo quando souberam da noticia, hoje o protegem e o amam de uma forma inacreditável.
Então, se sua desculpa para o aborto for a reação de seus pais, esqueça: quando você der a luz ao teu filho e eles o verem pela primeira vez, tão indefeso, o mínimo que sentirão e vergonha de ter te recriminado tanto.
Passei por muitas dificuldades com meu filhinho, sim, mas graças a deus, desde o primeiro momento que soube de minha gravidez, mesmo em meio ao desespero de pensar como seria a reação de meus pais, nunca me passou pela cabeça praticar o aborto. Nem pela minha cabeça, nem pela do meu (hoje) marido. E hoje somos uma família muito feliz.
Obs: preferi não me identificar...
Recebida em 19/04/03
Bom em dezembro de 2000 reencontrei um rapaz que era amigo de um colega meu e paramos para conversar e ele me contou que perdeu os pais e ficou mal comecei a procurá-lo para poder ajudar como era morava perto da casa da minha amiga sempre via e ia na casa dele e ele morava com os irmãos íamos na igreja e conversávamos muito comecei a me interessar por ele logo começamos a namorar comentei com minha mãe que estava interessada ela não quis aceitar fiquei namorando escondido a 6 meses Bom chegou o dia que era para descer para mim veio pingos fiquei desesperada tive que contar para meus pais eles ficaram muito nervoso comigo. Bom meus pais fez com que eu decidisse o que fazer principalmente meus pais mas minha mãe não quis saber de mim e que se fosse para eu ficar grávida era para eu morar com ele e esquecer que tem mãe e casa tive medo bom descobrimos da tecnologia americana que era rápida e não sentia nada No dia seguinte fomos lá durou pouco tempo 30 minutos e não senti nada era como se eu estivesse dormindo fiquei alegre mas ao passar o tempo fiquei com remorso em ver as crianças e nunca tive como se abrir com alguém isso. Bom ainda amo o pai do meu filho e hoje ele namora com outra menina Peço desculpas por ter fito isso era para eu ter ganhado 14 de abril Bom espero que tenha ajudado as pessoas a refletir que isso não é a solução.
clone 83
Recebida em 15/04/03
Bem, quero contar a minha experiência apesar de não ter abortado...
Eu tinha 15 anos quando engravidei e namorava a mais ou menos 2 anos, escondido da minha mãe. Gostava muito dele, e ele na época não dava a mínima para mim. Até que a minha menstruação atrasou e eu fiquei desesperada!!!
Contei para ele, e ficamos os dois sem saber o que fazer então pensamos em abortar, pois, isso acontece com todas que estão desesperadas . Até que se passaram 3 meses e minha mãe começou a desconfiar que tinha alguma coisa errada. Não agüentando mais de angústia minha mãe com medo de perguntar pediu a minha irmã ( mais velha do que eu 9 anos) para me levar ao médico.Não precisava nem fazer exame, minha barriga não negava! Voltei para casa e minha mãe não perguntou nada, quando foi a noite minha irmã foi lá para contar. Foi aquele desespero eu pensei em tirar a todo momento, mais ouvi o coração do meu filho bater com tanta força, como se ele estivesse me pedindo para viver, que desisti. Minha mãe me apoiou e tive um filho lindo que se chama Augusto e que hoje está com 2 anos e seis meses. Eu hoje estou com 18 anos e junto até hoje com o pai do meu filho que tem 21, ainda não nos casamos mais vamos nos casar, não porque a minha família nos obrigou, mais porque nos amamos e somos uma família. E posso garantir para todos que não tem coisa melhor nesse mundo do que ser mãe, acordar ao lado do seu filho e ouvir ele dizer MAMÃE...
Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, agradeço todos os dias pela vida do meu filho, pois ele é a minha VIDA!!!
AUGUSTO A MAMÃE TE AMA!!!
Recebida em 11/04/03
Quando eu tinha 17 anos, namorava com um rapaz da praia e engravidei, nunca pensei em tirar, mas com três meses de gravidez eu tive um aborto espontâneo. Hoje tenho 19 anos e conheci um rapaz de 22 anos, super carinhoso e cheio de promessas, em um churrasco no dia 23 de novembro de 2002, ficamos juntos a noite inteira, foi lindo, e no porão da casa onde estávamos passamos a noite. No dia seguinte cada um foi pra sua casa e ele me prometeu ligar. O tempo passou e ele não ligou. Fiquei triste mas sabia que logo o esqueceria. No mês seguinte minha menstruação, que é super regulada, atrasou. Achei que podia ser normal e não dei importância. Mas se passou outro mês, e eu comecei a passar mal todos os dias. Tive medo de acreditar que estaria mesmo grávida. Não fiz o teste, mas os sintomas da gravidez estavam cada vez mais evidentes: minha pressão caia sempre, tinha muitos enjôos, etc. Através de amigos consegui o telefone do rapaz e liguei contando o que estava acontecendo. Ele simplesmente não se importou e ainda riu dizendo que eu estava fazendo isso para ele ficar comigo. Fiquei louca da vida e resolvi não pedir mais a ajuda dele. Minha vida virou um inferno, como eu trabalhava o dia inteiro de pé, não estava mais conseguindo, pois passava muito mal todos os dias, até chegar o dia que pedi as contas. Isso eu ja estava no terceiro mês, e pensei que seria como a primeira vez que tive aborto espontâneo, mas isso não aconteceu. Tinha muito medo de contar aos meus pais, mas o problema não era eu estar grávida, era o pai do meu filho. Minhas amigas me devam muita força, mas isso não resolvia nada. Enfim, quando minha barriga começou a crescer tive que contar aos meus pais. Contei tudo que aconteceu e eles deixaram a decisão na minha mão, de ter ou tirar, e ficariam do meu lado qual fosse minha decisão. Chorava todos os dias, era uma felicidade e tristeza junto, conversava com meu filho e ficava feliz, mas sabia que estragaria toda a minha vida ser mãe solteira. Não desejo essa dúvida nem para meu pior inimigo. Fui ao médico e ouvi o coraçãozinho dele, foi um momento único e que nunca mais vou esquecer. Essa noite não dormi, pois foi a noite que meus pais disseram que eu tinha que decidir. No dia seguinte disse que queria tirar. Dois dias depois de escutar seu coração, estava o tirando de mim. Eu estava completando 17 semanas de gestação, e por isso, teve que ser uma micro-cezária, pois meu bebe já estava grande para sair por baixo. Me doparam pra eu não ver nada.Foi melhor assim, pois não agüentaria ver . No dia seguinte sai da clínica e tive que ficar de repouso, sem sair de casa, 4 dias .... e só fiquei boa mesmo (fisicamente) uma semana depois, mas a cicatriz da cirurgia nunca vai sair do meu corpo... e isso dói demais no coração. Penso muito no meu filho, sempre quis ser mãe de um menino e sei q era um menino, e se chamaria Diego. Não sei e nunca saberei se foi melhor assim, mas sei que é uma dor inexplicável e que não desejo a ninguém. Diego meu filho me perdoe. Espero que você esteja bem ...
Recebida em 05/04/03
Conheci meu namorado em dez./2002, em
fevereiro percebi que a minha menstruação estava atrasada a cinco dias, achei
estranho porque nunca foi de atrasar e resolvi fazer o teste de gravidez o
resultado foi positivo, eu fiquei desesperada e não conseguia acreditar, no
mesmo dia liguei para o meu namorado e dei a notícia, ele primeiro me
perguntou o que eu iria fazer e eu disse que não sabia.
No dia seguinte ele me perguntou: você não vai fazer o que eu to
pensando??..., mas terminei tomando a decisão de abortar, me sentia muito
sozinha , não queria ter engravidado de uma pessoa que conheço a pouco tempo,
e sentia e ainda sinto que ele não gosta de mim, isso me decepcionava muito...
Mais ou menos uns quatro dias depois do resultado de gravidez comprei o
cytotec, resolvi tomar logo porque se passasse o tempo não teria mais coragem
de tomar , antes de tomar pedi perdão ao meu filho e que entendesse porque
estava fazendo aquilo, me bateu uma tristeza, sentia que era uma menina que se
chamaria Isabella, mas não poderia ter aquele bebê agora, ficava pensando em
tudo, na reação dos meus pais que até hoje nem sabem disso, e pensava: eu não
quero ter um filho com um cara que não está nem aí pra mim, e parece gostar de
outra pessoa.
Isto serviu para mim como uma lição de vida, será uma coisa que nunca irei
esquecer, marcara a minha vida para sempre, saber que tirei uma vida me dói
muito, nunca mais quero passar por isso, além de tudo abortar é horrível,
senti muitas dores nas costas e na barriga durante uns três dias...não
conseguia dormir, pensava que iria morrer de tanta dor.
Mas minha filha nunca irá sair da minha mente e do meu coração, as vezes
começo imaginar como seria o rostinho dela e começo pedi desculpas por tudo o
que fiz, fico imaginando de quantos meses estaria agora e como estaria minha
Isabella, mas sei também que ela sentiu o meu desespero e as angustias do meu
coração....
Peço mil perdões meu amor...
L.M.M, 20 anos
Recebida em 01/04/03
Oi, Sou a C. S., tenho 23 anos e gostaria de falar sobre minha experiência.
Há pouco mais de 2 anos, eu estava com 20 anos e conheci um garoto pela Internet de 19 anos. Começamos a namorar, apesar de não sentir grandes amores por ele e acabei engravidando. Isso era uma coisa que sempre quis, desde os meus 15 anos, mas sabia que era nova pra isso. Eu estava numa faculdade particular, paga pela minha mãe. Eu queria contar pra ela, mas não sabia como e apenas disse que minha menstruação estava atrasada.
Resolvi fazer um teste de farmácia e deu positivo, não contei à minha mãe, contei para o meu namorado e ele disse que o que eu resolvesse, ele apoiaria, mas não era isso que ele realmente achava. Ele era do tipo que gostava sempre de sair e tinha mulheres por toda parte. Na hora em que vi o resultado, não sabia se chorava de alegria ou tristeza. Sabia a reação da minha mãe e da minha avó, com quem moro até hoje. Tive momentos de alegria por estar grávida e tristeza por saber que não poderia ficar com o bebê.
No dia seguinte minha mãe resolveu me levar para fazer um teste no laboratório e ela mesma foi buscar o resultado. Quando voltou, falou que eu não teria condições de criá-lo, pois não trabalhava e muito menos ele, que também não trabalhava e não estava nem aí pra mim.
Ela procurou uma clínica especializada, fiz o aborto e nunca mais vou me esquecer disso. Meu bebê estaria com 2 anos e 9 meses agora e a cada ano no dia que seria seu aniversário, eu me lembro, com quantos anos estaria, como eu estaria vivendo, o que estaria fazendo com ele e como estaria criando. Meu sonho sempre foi ter uma menina e acredito que era. Muitas vezes peço desculpas à ela e rezo por ela. Às vezes também acho que poderia tê-la e ter dado para adoção pelo menos.
Recebida em 07/03/03
Meu nome é Deise, tenho 23 anos e estou aqui para contar minha história. Não é uma história de aborto, mas de alguém que teve coragem de defender um bebezinho.
Bem, tive um envolvimento rápido, de aproximadamente 6 meses com um rapaz de outro estado, que vinha sempre me ver, acreditei de verdade que estava vivendo uma grande história de amor. Engravidei, e ele ficou muito feliz. Eu estava radiante, porém, tinha um problema, ele não me apresentava a família dele. Com três meses de gravidez, peguei um ônibus no Rio de Janeiro e fui direto para São Paulo, lá tive a maior decepção da minha vida, descobri que aquele homem que dizia me amar tanto era casado e pai de 2 filhos. Me tratou com a maior frieza. Fiquei arrasada. Não sabia como contar aos meus pais aquela história, não sabia o que fazer. Voltei para casa no dia seguinte e só chorava, vi meu corpo se modificar dia a dia sem ainda ter decidido o que fazer. Lembrei-me de uma amiga que tinha feito aborto e eu fui radicalmente contra. Mas o que eu faria, solteira, sozinha, sem dinheiro. Pensei que o melhor seria abortar. Fui dormir com essa idéia. Até então, nunca havia conversado com meu bebê. Nesse dia, antes de dormir, falei com ele "filhinho, não sei o que fazer, já te amo de todo coração, mas não sei o que fazer" e naquele momento, como mágica meu bebê mexeu pela primeira vez que eu pudesse sentir, chorei muito e desisti completamente de abortar. Hoje, meu filhinho está com 2 anos e 6 meses, acaba de entrar para escola e é a pessoa que mais amo em toda a minha vida. Claro, que não é fácil, trabalhar para sustentá-lo, cuidar dele, sem marido, ele sem pai (pois o pai nem o conhece), mas vale a pena. Acho que o sentimento maior que podemos sentir por alguém é o amor, e o amor verdadeiro é somente de mãe para filho. Espero que a minha história sirva de encorajamento para muitas mulheres que pensam em abortar. Dentro da barriga de cada uma pode estar a única chance de felicidade e plenitude que é ser mãe.
Recebida em 13/02/03
Olá. Entrei no site por que há dois anos fiz um aborto, e isto ainda não me sai da cabeça nem do coração. Se, ao menos uma mulher grávida pensando em fazer um aborto, ler ao meu depoimento e mudar de idéia, continuarei sim sentindo remorso do que fiz, mas, me sentirei feliz por agora, ter influenciado positivamente na vida de alguém. Não citei meu nome verdadeiro, mas gostaria que a minha história fosse divulgada. Qualquer coisa, entrem em contato comigo. Muito Obrigada, Clara.(nome que adotei p/ a história, pois seria o nome da criança).
O meu maior sonho: Ser mãe. Tanto era o meu maior sonho, que, casei aos vinte e dois anos em julho, e em novembro eu já estava grávida. Foi o dia mais feliz da minha vida. Quando li aquele “positivo”, foi como se o impossível tivesse acontecido. Eu digo “impossível”, por que de tanto que eu desejava ser mãe, eu achava que comigo isto nunca iria acontecer. Dentro de uma semana, eu me senti mal, vieram cólicas, sangramento e aquelas palavras que até hoje não saem da minha lembrança, após um exame médico: “Minha filha, infelizmente você perdeu o seu neném... Naquele momento, muito mais do que a dor, veio a revolta. Eu não conseguia entender por que aquela criança tão planejada não pode vir a mundo, e também por que tantas mulheres irresponsáveis engravidam e abortam. Foi uma experiência horrível. Entrei em depressão, a vida perdeu o sentido, eu estava inconformada. Dois anos depois, veio meu primeiro filho, e mais dois anos, o segundo. Me realizei como mãe. Sempre olhava para eles, desde que eram bebês, voltava aquela pergunta a minha cabeça: Como pode uma mulher ter coragem de abortar? Como pode uma mulher não se render a mais completa forma de amor? Sempre que falava com alguém sobre o tema “aborto”, eu me exaltava, e dizia que a mulher que não quer seu filho, deveria deixá-lo nascer, para então ver se ela teria coragem de decidir pela vida desta criança depois de ouvir o seu chorinho, depois de colocá-lo no seio para alimentá-lo. Pois ao meu ver, vida é vida. Quando os meus filhos tinham seis e sete anos, eu e meu marido nos separamos. E eles continuaram sendo a melhor coisa da minha vida. Dois anos depois de separada, me envolvi com uma pessoa. Namoramos durante cinco meses, e terminamos o namoro. Três semanas depois de terminarmos, tive coragem de fazer um teste de gravidez, e, o resultado: “Positivo”. No momento fiquei confusa, mas eu sabia que tinha uma vida na minha barriga, que dependia unicamente de mim para vir ao mundo. Foi algo inesperado, que criou uma mistura de sentimentos, que me assustou, me desesperou. Eu era tão contra o aborto, que quando descobri que estava grávida, sequer isto se passou pela minha cabeça. Cheguei em casa, olhei para os meus dois filhos, e tudo mudou: Eu comecei a me cobrar, a ter medo de envergonhá-los por dar a eles um irmão sem pai. Comecei a imaginar o que eles sofreriam com esta situação. Eu só pensava “Meu Deus, eu vou estragar a vida deles, a adolescência deles, como vou contar a eles, que mudanças eles vão ter em suas vidinhas tão seguras, tão tranqüilas?” Fui ao médico, ouvi o coração do neném, tão descompassado, tão certo de que estava vindo ao mundo. Durante a consulta disse ao médico que eu estava desesperada, desestruturada e totalmente perdida. E ele disse que se eu quisesse fazer um aborto, eu deveria fazer logo, para que não houvessem complicações. E a partir daquele momento eu me decidi que faria o aborto. Fiz questão de me fechar para o mundo e para as poucas pessoas que estavam sabendo o que me aconteceu. Eram três. Eu teria mais uma semana para fazer o aborto com segurança sem intervenção cirúrgica, ou seja, tomando apenas remédios. Eu resolvi passar o final de semana pensando, ou melhor, me encorajando para fazê-lo. Eu estava decidida, e me fechei para os meus princípios, para a minha consciência, e nada mudou o meu pensamento. No sábado pela manhã, eu estava em casa assistindo a um programa infantil na TV, e naquele momento, eu conversei com o neném dizendo a ele; “A mamãe está irredutível, tão irredutível, que até agora eu não tive coragem de conversar cm você...Você sabe o que a mamãe está decidida a fazer né, mas vou rezar para que alguma força maior me impeça de fazer isto. Vou dar um jeito, vamos encontrar um jeito de você nascer... Me perdoe...” Foi a única conversa que tive com ele- ou será com ela? No domingo pela manhã, meu filho mais novo levou um tombo de bicicleta e desmaiou. Eu me desesperei, chamei os vizinhos, entrei em pânico, chamava por ele, até ele voltar a si. Enquanto ele estava desmaiado, fiquei olhando para ele, e me perguntando; Meu Deus, se estou aqui desesperada por que meu filho desmaiou e eu nada posso fazer por ele neste momento, como posso ser covarde o suficiente para tirar a vida deste que está dentro de mim, sem a menor chance de defesa? Que mulher sou eu? Que mãe sou eu? Na tentativa de acordar na segunda-feira com a idéia mudada a respeito do aborto, e depois de me sentir tão covarde depois do desmaio do meu filho, eu resolvi não tomar os comprimidos que eu tinha programado tomar no domingo a noite. Fui dormir com um pouco de paz, achando que eu não teria mais coragem de seguir em frente. No dia seguinte, o desespero voltou. Acordei ainda mais decidida a abortar. E a noite abortei. Coloquei os dois filhos para dormir, pedi a uma amiga que dormisse comigo para caso eu passasse mal durante a noite, e da maneira mais fria possível, tomei os comprimidos e fui me deitar. Naquele momento uma frieza tomou conta de mim, talvez não fosse frieza, fosse uma maneira que encontrei para me defender, para justificar a minha covardia e a minha estupidez. No dia seguinte, veio o remorso. Eu acordei. Eu fiquei irreconhecível, e literalmente, eu não conseguia me olhar no espelho. Chorei, e perguntei a Deus: “Onde você estava que me deixou fazer o que fiz?” Logo eu, radicalmente contra o aborto? Por que quando mais precisei de fé, de paz, de serenidade eu fiquei sozinha? Foram muitos dias que chorei de arrependimento, muito arrependimento. Fui procurar um padre para ver se ele me aliviava. Ele jamais apagaria isto da minha lembrança, mas as palavras dele me trouxeram conforto e devagar, eu comecei a lidar com esta situação. E, se hoje alguém perguntar a minha opinião sobre aborto, eu continuo dizendo: Sou radicalmente contra. Se um dia você se encontrar nesta situação, procure sim um padre, um amigo, alguém que queira o seu bem, mas antes de fazer. Pois hoje eu sei que não foi Deus quem me abandonou naquele momento, e sim eu quem corri Dele de medo do Seu julgamento e de vergonha de encará-Lo. Se eu puder dar uma opinião a respeito, eu digo: Jamais faça um aborto. Além de você estar tirando a única chance de um ser humano vir a este mundo que é maravilhoso sim, o sofrimento, o desespero de ser mãe solteira ou em alguma condição difícil é pequeno demais perto do remorso de ter tirado a vida de alguém, ainda mais sendo este alguém seu filho, e sendo este filho totalmente indefeso e dependente de você. Até hoje não sei o que é mais forte dentro de mim: Se são as palavras daquele médico dizendo que eu perdi o meu primeiro filho, ou se é aquele coraçãozinho batendo descompassado e indefeso dentro de mim, do filho que eu não deixei nascer.
Recebida em 26/01/03