Testemunhos Reais

Sobre as experiências do Aborto.


Se pretende expressar sua historia pessoal, por favor envie-nos um e-mail, iremos sempre manter o anonimato se assim o desejar.

Estas historias, publicadas com consentimento, mostram que uma mulher nem sempre está informada adequadamente, e que o aborto não é uma solução. Algumas delas pediram para permanecer anônimas.

1999


Olá, sou K. R. Tenho 24 anos de idade...

Faz exatamente 4 meses e 26 dias que pratiquei o aborto. Foi a pior decisão que eu tomei e penso que não pode existir outra coisa pior que isso. Tenho duas crianças que as amo com toda minha alma, e esta foi minha terceira gravidez... O pai de Jhonny (meu filhinho abortado) é um homem comprometido e quando fiquei grávida foi pensar no que diria a minha família e o que eu faria já que ele não podia me responder. A primeira opção que me chegou a minha mente foi o aborto.

As pessoas que contei (e confiei) o que passava, também entendiam que o melhor era tirar a vida de meu filhinho. Quando comuniquei ao pai ele me fez sentir que tal decisão era mais conveniente para mim do que para ele, e acreditei nele. Eu sabia que isso estava em contra as normas morais de Deus, mas sentia que eu não tinha saída. Acreditava que podia superar tal coisa, mas me enganei!!!

No dia 9 de outubro de 1999 fomos, os dois, ao médico abortista, todo o tempo que estive ali desejava que o médico não pudesse chegar, mas não foi assim. Chegou, e eu não era a única mulher ali, havia também duas moças esperando por ele também, eu seria depois delas. Quando chegou o momento o médico nem se quer perguntou se eu estava segura de feze-lo, somento o fez.

Colocaram em mim um soro com anestesia e me fizeram dormir, não senti nada do procedimento; passadas duas horas, quando me despertei, só me perguntava se havia sido um sonho e , ao passar os dias, dava a esperança de que não o houvesse matado.

Quando saímos de lá senti que estava deixando, lá, parte de minha vida, jogado em um canto qualquer daquele lugar.

A experiência foi suficiente amarga como para seguir vivendo tranqüila. Quando decidi fazer isso não queria que em minha casa descobrissem o que estava passando, mas agora é pior, pois a depressão não me deixa ser mãe e não voltei a ter mais paz desde então. Todos me perguntam o que está acontecendo, desde minha família, companheiros do trabalho, amigos, e até pessoas alheis a mim, me perguntam porque estou tão triste.

Todas as noites chora que não agüento mais, e desejo tanto poder voltar um só minuto antes do aborto para poder parar-me e ir-se e dessa maneira ter meu Jhonny comigo.T

Não tenho coragem para aproximar-me de Deus, a vergonha não me deixa fazê-lo. Sinto um vazio que não posso preenchê-lo com nada. Sinto que não só arrancaram o Jhonny de meu ventre como também minha alma. Não quero ir a nenhum lado, não quero que ninguém venha perguntar o que esta acontecendo comigo, não quero falar com ninguém, nem sequer chegar à minha casa, só vou trabalhar porque tenho outras duas filhas que me necessitam e elas não tem culpa de meus erros.

Hoje só faltaria 3 dias para que ele cumprisse os 6 meses e cada dia que passa sinto mais a morte de meu filho. Não sei como sobrepor-me a isso, o pai da criança se manifestou arrependido e quer que façamos tudo para superar, mas eu já esgotei todas as formas para isso e não consegui. Só quero estar sozinha, separada do mundo e que as vezes penso que a única solução é que deixasse de existir, mas seria fácil demais e entendo que tenho que sofrer pelo erro cometido.

Enquanto mais o tempo passa a dor é mais grande, o dia 9 de cada mês é puro inferno para mim; saber a hora em que meu bebê devia nascer e não tê-lo em meus braços é o pior que me passou.

Só gostaria que minha experiência sirva para abrir os olhos dessas mulheres que se encontram nessa situação, o aborto não soluciona nada e destruí sua vida, sem retorno...

Espero um dia ter a possibilidade de pedir perdão a meu filhinho. Te amo Jhonny....


Estudante brasileira - setembro de 1996

Quando entrei naquele consultório chique, com meu namorado e minha mãe, pensei que seria muito fácil. Conversando com o médico, ele me explicou como funcionava a tecnologia americana, a mais avançada e segura de realizar o aborto, o método de sucção. Duraria 5 minutos no máximo. Eu estava grávida de dois meses.
Foi muito rápido e fácil. Uma injeção na veia me fez adormecer, não completamente. Sentia o médico mexendo dentro de mim, como se fosse um sonho. Não demorou. Mudei de sala e fiquei dormindo durante dez minutos. Fui, então, para outra sala, já vestida, onde reencontrei minha mãe e meu namorado. Vomitei. 
Ao total, durou uma meia hora. Saímos de lá e fomos ao Mac Donalds, pois eu estava de jejum há muitas horas para fazer o tal do aborto. Estava aliviada e feliz.
Fui direto trabalhar, dava aulas de inglês na época. Estava trabalhando bastante, substituindo uma colega que saíra de licença maternidade.  Foi então que comecei a olhar as crianças em minha volta. Todas tão puras e inocentes! As criaturas mais angelicais do mundo... Sofri muito, muito mesmo. Ainda sofro.  Não tive com quem conversar, não tive ninguém para dividir  minha experiência e, principalmente,  minha culpa. Aborto é um assunto proibido. Aqui em casa nunca se falou nisso. Com meu namorado, foi uma tortura, eu queria conversar, ele achava que eu estava arrependida de ter feito o aborto. Ficamos juntos ainda por três anos depois do aborto.
Meu filho estaria com dois anos e meio agora, teria nome de anjo.
Uma coisa eu me prometi: nunca mais farei outro aborto. Também não pretendo engravidar sem estar absolutamente certa disto.
As lembranças se transformaram em ensinamentos, mas ainda me sinto culpada. Em homenagem ao meu bebê, escrevo hoje (02 de novembro de 1999 - finados) essas linhas.