Toxoplasmose e Gravidez
atualizado em 04/05/2004
CONSIDERAÇÕES GERAIS: Apenas infecção aguda pelo Toxoplasma gondii ou
reagudizada, pode resultar em infecção fetal. Gestantes com outras condições
que determinem imunodepressão ( HIV, Corticoterapia prolongada, etc) são as
únicas consideradas sujeitas a reagudização ( nestas pacientes a sorologia
deve ser realizada a cada 2 meses). O risco de transmissão do parasita para o
concepto aumenta com a evolução da gestação, cerca de 20% a 25% no primeiro
trimestre e 65% a 80% no terceiro trimestre (na gestante não tratada). Quanto
à gravidade das alterações provocadas pela toxoplasmose congênita, estas são
mais graves quanto mais precoce fora infecção (lesões neurológicas e
oculares). Vale ressaltar que 90% das gestantes que apresentam soroconversão
não manifestam qualquer sintomatologia. Este fato demonstra a importância do
rastreamento sorológico por ocasião da gravidez.
DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO MATERNA: É indicativo de infecção materna com risco
fetal o aparecimento de IgG em paciente previamente negativa ou aumento
significativamente dos títulos (acima de duas diluições - p.ex.: 1 / 512 para
1 / 4096), em duas amostras colhidas com intervalo mínimo de 3 semanas,
testadas de forma seriada. A detecção de IgM também faz diagnóstico de
toxoplasmose recente. Permanece positiva por quatro meses habitualmente, mas
em alguns casos é detectada apenas algumas semanas e, em outros, por até um
ano. O uso do método ELISA para investigar toxoplasmose tem sido usado mais
recentemente, além da Imunofluorescência; convém lembrar que devido a sua
sensibilidade podemos encontrar IgM positiva até um ano após a fase aguda da
doença.
DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO FETAL: Será baseado em:
1 - ULTRASSONOGRAFIA OBSTÉTRICA: Rastreio de Espessamento anormal da
placenta; Dilatação dos ventrículos laterais; Necrose cerebral focal; Ascite;
Hepatomegalia; Calcificações intracranianas. Deve ser realizada mensalmente
até o final da gravidez. Ressalva para o fato de que a maior parte dos fetos
acometidos no 3º trimestre não apresentam alterações à Ecografia.
2 - AMNIOCENTESE : A partir da 14ª semana pode ser colhido líquido amniótico
para pesquisar o Toxoplasma gondii. Usa-se a inoculação em ratos e
recentemente a técnica da PCR (Polimerase Chain Reaction).
3 - CORDOCENTESE : Indicada entre a 20ª e a 24ª semanas ( quando o feto já é
imunocompetente), para toda gestante com toxoplamose aguda ou reagudizada
(excluindo portadoras de HIV). Repetir entre a 30ª - 32ª semanas se o
diagnóstico não for firmado. Solicitar os Testes Específicos quantitativos:
IgM específica, IgM total,
IgG. Testes Inespecíficos: Contagem de leucócitos (Leucocitose +) Contagem de
plaquetas (Plaquetopenia +); Contagem de eosinófilos (Eosinofilia +).
Valor diagnóstico dos testes : IgM específica só é positiva em 21% dos casos,
por
imaturidade do sistema imunológico do feto entre a 20ª - 24ª semana. Entre a
30ª e a 34ª semana é positiva em mais de 60% das vezes.
TRATAMENTO
1 - Confirmado o diagnóstico de infecção aguda materna ou reagudização, deve
ser iniciado o esquema com a Espiramicina (Rovamicina) - 3 g / dia até o final
da gestação. Apresentação: comps. de 500 mg (2 comps de 8/8 h). A Espiramicina
não trata o feto, porém reduz o risco de infecção fetal em 60%.
2 - Se infecção fetal for confirmada: associar o esquema abaixo: Pirimetamina
- 50 mg / dia (Daraprin - comps de 25 mg) + Sulfadiazina (Ceme) - 3 g / dia
(cada comprimido = 500 mg) + Ácido Folínico - 15 mg / dia (cada comprimido = 5
mg).
Observações:
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Acompanhamento pré-natal adequado revela a presença de toxoplasmas
acometendo a saúde fetal.
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Autor:Dra.Micheline
F. Vitorino
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Fonte:womancare- saúde materno-fetal