Tratamento revolucionário
Tratamento revolucionário
Imaginemos uma
pessoa que sofreu um acidente de viação e perdeu os olhos, os braços, as
pernas, parte dos rins, os pulmões, partes do cérebro, partes do fígado,
etc e ninguém consegue perceber como se agüenta viva. Talvez muitas
pessoas entendessem ser aceitável matá-la. Outros diriam que não. Mas tão
pouco isso interessa agora. Quem diria, em
tais condições, que é aceitável matá-lo enquanto o tratamento não o põe
bom? É fácil suspeitar que só assassinos aceitariam tal assassínio. Muito
menos seria aceitável matar o acidentado quando ele já estivesse na fase de
fisioterapia e completamente curado. Pois muito bem:
um bebê dentro do útero, com 20 dias de vida, tal como o nosso acidentado,
tem o cérebro incompleto, o coração incerto, os pulmões não trabalham e
nem se sabe bem onde estão, não tem pernas nem braços, está cego e surdo e
mudo mas, tal como no caso imaginário, está a sofrer um tratamento
revolucionário - tão revolucionário que nenhuma técnica o consegue
simular!- e que em poucas semanas o porá sem qualquer vestígio das suas
"deficiências" atuais. Se não se aceita a morte do acidentado
imaginário, porque se aceita então a morte deste bebê real?? Segue-se uma
descrição do tratamento revolucionário. Antes, porém, convém notar,
continuando a analogia, que no aborto não só se aceita matar - a frio - quem
se está a curar rapidamente de todas as deficiências e mutilações como
também - e isto é normalmente esquecido! - se está a matar quem, em grande
parte, já está curado de todas as suas deficiências: a maior parte dos bebês
são abortados quando já estão, simplesmente, na fase da fisioterapia (i.e.
já estão completamente formados e, até ao nascimento, limitar-se-ão a
crescer e engordar). Quando se olha
para o panorama seguinte, é impossível deixar de observar que a maioria dos
bebes são abortados porque... são muito magros. Na verdade, só uns meros
dois quilos separam o bebê sem direito à vida do bebê protegido pela lei! O Tratamento
Revolucionário Concepção:
Genes do pai e da mãe combinam-se para formar um novo ser humano, único e
irrepetível. Até ao momento da morte (que poderá ocorrer 150 anos mais
tarde) nada será adicionado a este ser humano, a não ser alimento e oxigênio. Primeiro dia: Dá-se
a primeira divisão em 4 células e o blastócito segue ao longo das trompas
em direção ao útero. Dias 5-9: Nidação.
Até que este ser humano se torne num adulto, haverá cerca de 45 gerações
de replicações celulares. Destas, nove já se deram até este momento. Dia 14: O filho
emite sinais químicos que suprimem a menstruação da mãe. As primeiras células
do cérebro estão completamente formadas. Dia 20: O coração
está numa fase muito avançada de desenvolvimento. Os olhos começam a
aparecer. O sistema nervoso está virtualmente completo. Dia 24: O coração
do bebê começa a bater. Dia 28: Os músculos
estão a desenvolver-se. As pernas e os braços tornam-se visíveis. Aparecem
as primeiras células do córtex (células que permitem o raciocínio, o
pensamento e que não aparecem no cérebro de mais mamífero nenhum). O sangue
corre nas veias do bebê num sistema completamente independente do da mãe. Dia 35: A glândula
pituitária está em formação. Boca, orelhas, nariz tomam forma. Dia 42: O
esqueleto de cartilagens está completamente formado e inicia-se a ossificação.
O cérebro do bebê coordena movimentos voluntários dos músculos e involuntários
dos órgãos. Dia 43: Pode-se
registrar num encefalograma a atividade do cérebro. Dia 45: Os
dentes de leite estão presentes. 7 Semanas: Em
muitos casos a mãe ainda ignora que está grávida. Os lábios do bebê são
sensíveis à dor e as suas orelhas mostram o padrão típico da família.
Começa a desenvolver-se a parte do cérebro que controla as funções vitais
como respirar, bater do coração ou controlo da pressão sanguínea. 8 Semanas: Temos
um bebê bem proporcionado. Todos os órgãos estão presentes, completos e a
funcionar (exceto os pulmões). O coração bate com segurança. O estômago
segrega sucos digestivos. O fígado produz as células do sangue. Os rins estão
a funcionar. As impressões digitais estão a aparecer. As palmas das mãos são
sensíveis ao toque. Das 45 gerações de replicação celular que ocorrem até
à maturidade, 30 já se deram. Grosso modo, a partir de agora, o bebê
limita-se a aumentar de peso e comprimento. Na nossa analogia, com o
acidentado, o bebê entrou na fase de fisioterapia: ganha peso, maturidade e
desenvolve os músculos. Semana 9: O bebê
aperta os dedos em torno de qualquer objeto que se lhe coloque na palma da mão.
Começam a aparecer as unhas. Semana 10: Todas
as partes do corpo do bebê são sensíveis ao toque. O bebê bebe, brinca e
chupa o dedo. Se a palma da mão for tocada, ele afasta-a decididamente. Semana 11: O bebê
faz todas as expressões faciais inclusive rir. Respira liquido amniótico e
continuará a fazê-lo até nascer. Unhas dos dedos das mãos e dos pés estão
presentes. As papilas gustativas funcionam. Semana 12: O bebê
inicia grande atividade e mostra uma personalidade específica. Os bebês
apresentam diferentes padrões de sono. Alguns podem chorar. O bebê pode dar
pontapés, voltar-se, brincar com os pés, abrir a boca e apertar os lábios. Semana 13: As
feições parecem-se com as dos pais. Movimentos firmes e graciosos. Cordas
vocais e, se entrar ar no útero, o bebê pode ser ouvido. O sexo do bebê
pode ser determinado. A audição está presente. Quarto mês: A mãe
pode sentir o bebê [convém notar que a parede interior do útero é insensível
pelo que os primeiros movimentos do bebê são imperceptíveis.] Os Rapid eye movimentos
(REM), indicadores de sonhos, podem ser observados. Uma luz muito forte sobre
o abdômen leva o bebê a tapar os olhos. Música muito alto leva o bebê a
tapar os ouvidos. Quinto mês: Estão
criados hábitos de sono. Um som brusco e violento (e.g., o bater de uma
porta) pode assustar bebê. O bebê reage a sons cuja freqüência ultrapassa,
nas duas direções, a gama audível por um adulto. O bebê pode ser
adormecido com música suave. Sexto mês: A
maioria dos bebês são viáveis (24 semanas - cerca de 60% do tempo total de
gestação) [o sobrevivente mais novo que se conhece, nasceu às 19 semanas].
Cresce o cabelo e as sobrancelhas. Sétimo mês: O bebê
começa a abrir e fechar os olhos e a explorar a vizinhança. O bebê
reconhece a voz da sua mãe (e a sua própria). Das 45 gerações de
multiplicações, já ocorreram 38. Oitavo mês: Se
o bebê nascer nesta altura a probabilidade de sobreviver e ser completamente
saudável está acima dos 90%. Nono mês: Últimas
seis semanas dentro do útero. Hormonais libertadas pelo bebê provocam o
parto. Compaixão Habitualmente os
pró-aborto não discutem a aceitabilidade do aborto recorrendo a argumentos
que possam determinar uma decisão mas, antes, preferem exibir casos tão dramáticos
quanto imaginários. Daí, esperam que a conclusão necessária seja a aceitação
do aborto em tais casos (e depois nos outros!). Implícita nesta
forma de "argumentar" está a idéia de que, continuando a analogia,
os problemas da família do acidentado (eventual falta de dinheiro para pagar
o tratamento, ou alguma recordação dolorosa ligada à pessoa do acidentado,
ou às condições em que ocorreu o acidente etc.) valem mais, merecem mais a
nossa compaixão, que a vida - e a pessoa - do acidentado. O problema é
que a máxima compaixão pela mãe é a máxima crueldade para com o filho. E
se é certo que os pró-aborto jogam no fato de correntemente o bebê dentro
do útero ser considerado uma pedra amorfa sem qualquer direito à compaixão,
depois da descrição acima, depois de se saber que já o cérebro trabalha e
o coração bate quando a mãe começa a suspeitar que está grávida, quando
se sabe que - na maioria dos casos - o bebê já está completamente formado
quando é abortado, é difícil compreender como pode alguém sentir-se em paz
advogando tal crueldade. Além do mais,
curiosamente, ninguém aceita discutir a aceitabilidade do roubo, do
linchamento, do trabalho infantil ou do infanticídio a partir de casos dramáticos:
o fato de haver drogados que roubam em desespero, não conduz ninguém a
aceitar a licitude do roubo; a aldeia que não recebe da polícia a proteção
necessária e recorre à justiça popular, não torna lícito o linchamento; o
caso da família de dez filhos (o mais velho de dez anos) com pai desempregado
e mãe a ganhar 50 contos por mês, não comove ninguém a aceitar o trabalho
infantil; a mesma mãe - nestas condições - que mata o seu filho recém-nascido,
não leva ninguém a aceitar o infanticídio. Já no aborto há muita compaixão. Simplesmente, além
de mal orientada (a compaixão deveria ser orientada para a solução do real
problema da família), é uma compaixão unilateral e que causa grande dano. Não existem, em
termos de ciência segura, nem livros nem teses nem artigos com títulos do
gênero:
"Os benefícios pessoais e sociais de trinta anos de aborto".
Contudo, cada ano vê aparecer mais e mais estudos sobre as conseqüências
nefastas do aborto - sobre pessoas em particular ou sobre a sociedade em geral
- e que nunca se sonharam possíveis. A título de exemplo (a somar às largas
referências a estudos deste tipo que já aparecem nestas páginas), cite-se
uma tese apresentada em 1992 na Universidade de York, UK, e que tem um título
que não deixa margem para dúvidas: Lutar pelo
aborto, entre outras coisas, é lutar pelo aparecimento de uma nova classe de
pessoas carenciadas. Só que enquanto a falta de dinheiro se pode resolver com
dinheiro, a falta de paz... (Juntos pela
Vida)
No nosso caso temos uma pessoa que, apesar de profundamente deficiente e
mutilada, está a sofrer um tratamento revolucionário e, em poucas semanas,
estará a ver e o cérebro, os rins, o fígado, os braços e as pernas estarão
a funcionar normalmente. Quando muito dentro de dois meses o nosso acidentado
imaginário estará absolutamente perfeito: sem qualquer marca do acidente.
A maioria dos bebês abortados cirurgicamente, em todo o mundo, têm mais de
oito semanas.
Em Fevereiro de 1997 pretendeu-se legalizar a morte destes bebês a mero
pedido da mãe.
As propostas de lei de Fevereiro de 1997 pretendiam legalizar o aborto, em
alguns casos, de bebês com todas estas características.
Cumpriram-se 41 das 45 gerações de multiplicações celulares.
A study of post abortion syndrome in the light of recent research to consider
how social work might better respond to this area of need. Simon Bishop.